Topo

Rodrigo Mattos

Privatizado, Maracanã volta a ter discussão sobre evasão de renda

rodrigomattos

31/08/2013 07h43

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_ )

Em meio ao racha entre o consórcio Maracanã e o Flamengo, após o jogo com o Cruzeiro, ressurgiu a discussão sobre a evasão de renda no estádio que parecia extinta depois da sua concessão a grupo privado. A questão foi levantada pela diretoria rubro-negra em reunião com a Odebrecht, na quinta-feira, quando cartolas rubro-negros botaram em questionamento a correção do público de 53 mil presentes anunciado daquela partida.

A discussão sobre públicos maiores do que os divulgados é antiga no Maracanã. Sob o controle da antiga Suderj (Superintedência de Desportos do Rio de Janeiro), o estádio convivia com vaias de torcedores quando era anunciado o número de presentes. Ninguém acreditava nos dados, sempre inferiores ao que se via na arquibancada. Ainda mais porque havia seguidas denúncias de ingressos falsos, esquemas para entrada irregular e invasões.

Agora, os cartolas rubro-negros desconfiam do público de 53 mil anunciado para a última partida da Copa do Brasil, cuja entrada foi gerida pelo consórcio. Até porque fotos do estádio mostram no bem mais cheio do que na partida contra o Botafogo, quando o público presente foi quase igual. É difícil saber, porém, se as fotos são do mesmo momento.

O raciocínio dos dirigentes é complementar ao que está expresso na nota pública do clube contra o consórcio Maracanã. O clube criticou o grupo porque seu sistema gera "a impossibilidade de controle eletrônico do acesso, riscos de evasão de renda, superlotação e descontrole da arrecadação, falta de contagem de giros da catraca". Com isso, o Flamengo entende que é impossível saber se o número de pessoas que entrou no estádio é igual ao de ingressos vendidos.

Líder do consórcio, a Odebrecht soltou uma nota também para rebater as críticas. A construtora disse que iria apurar se houve filas e problemas no sistema operacional de ingressos, pontos que levaram os rubro-negros a suspeitar de evasão de renda. Internamente, o consórcio admite os problemas operacionais, mas alega que se devem ao fato ter assumido o estádio antes de setembro, prazo previsto.

Apesar das duas notas beligerantes, a construtora quer evitar um confronto com o Flamengo. Tanto que na reunião de quinta-feira voltou-se até a discutir o estádio próprio rubro-negro na Gávea – o clube já fez uma consulta à Odebrecht sobre o assunto. Mas, ao mesmo tempo, o consórcio não admite uma redução de despesas porque argumenta que o Maracanã é, de fato, caro para se manter.

Por isso, um acordo entre as duas partes parece distante no momento. Ainda mais porque cresce um movimento popular de assinaturas para pedir ao governador Sergio Cabral a retomada do Maracanã – ele vai decidir se o mantém com o consórcio. Até o final da tarde desta sexta-feira, já eram mais de 4 mil assinaturas, em movimento que pretende chegar a 10 mil.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.