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Rodrigo Mattos

Herança de Autuori para Muricy é time cansado, mas sem distúrbios

rodrigomattos

14/09/2013 06h00

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_ )

O cenário que o técnico Muricy Ramalho encontrou no São Paulo ao assumir é de um time muito desgastado fisicamente, mas sem problemas internos no vestiário. Essa é a herança deixada pelo treinador anterior Paulo Atuori na avaliação de dirigentes e funcionários do clube. Fora óbvio, o fato de a equipe estar na zona de rebaixamento no Brasileiro.

Os problemas físicos do São Paulo são mais fruto da longa maratona de jogos, incluindo uma excursão e sequência de partidas no Brasileiro, do que responsabilidade de Autuori. Para se ter uma ideia do problema, as medições de desgaste dos jogadores por fisiologistas têm dado níveis bem altos desde que se iniciou essa série de compromissos.

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Houve uma partida em que o lateral-esquerdo Reinaldo entrou em campo com o nível de cansaço muscular igual ao que se verifica em uma atleta no final de um jogo, segundo apurou o blog. Isso foi bem no meio da maratona de quatro partidas em oito dias, imposta pela CBF para compensar a excursão do time.

Não é à toa. Desde a volta do Brasileiro em julho, o time já atuou 21 vezes em pouco mais de dois meses. Em toda a temporada, foram 59 partidas. Isso porque ainda estamos no início do segundo turno do Brasileiro.

Normalmente, uma equipe joga pouco mais de 70 partidas em um ano quando vai até a final do Mundial. Sem essa competição, o São Paulo vai ultrapassar esse número por conta de amistosos.

Além do aspecto físico, outro fator preponderante no futebol é o psicológico. Neste quesito, dirigentes avaliam que houve evolução na passagem de dois meses de Paulo Autuori no clube.

Quando ele chegou, havia claros problemas de vestiário, com turbulências entre seu antecessor Ney Franco e o goleiro Rogério Ceni. Também havia questões relacionadas ao zagueiro Lúcio, cujo comportamento não era bem digerido por colegas.

Segundo funcionários do clube, essas tormentas foram zeradas na passagem de Autuori, que assumiu para si as resoluções de distúrbios internos. Ainda há uma avaliação de dirigentes são-paulinos de que houve uma melhoria na parte psicológica dos jogadores dentro da campo. Mas o excesso de expulsões nos últimos jogos não confirma essa última tese.

Por isso, boa parte dos dirigentes são-paulinos concorda com o goleiro Rogério Ceni quando isenta Autuori por culpa pela má campanha do time dentro do Brasileiro. Avaliam que ele não teve tempo para treinar, teve uma equipe desgastada na mão, e ainda assim conseguiu melhorar alguns aspectos internos.

Só que essa constatação deixa claro que a culpa, em grande parte, é dos próprios cartolas que impuseram uma maratona aos jogadores com amistosos e depois demitiram um técnico pelos maus resultados.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.