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Rodrigo Mattos

Velódromo da Olimpíada estoura orçamento em R$ 41 milhões

rodrigomattos

20/09/2013 06h00

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_ )

Com a licitação anunciada na semana passada, o velódromo do Parque Olímpico para a Rio-2016 ultrapassou em 42% o orçamento previsto no dossiê de candidatura. Isso representará um acréscimo de R$ 41 milhões na estimativa de gasto inicial, já contabilizados os reajustes por inflação.

Pelo documento de postulação carioca, o velódromo tinha um custo de R$ 70 milhões, em 2008. Reajustado pelo INCC (Índice Nacional de Construção), este valor atinge R$ 96,2 milhões. Só que a licitação indicou um orçamento de R$ 136,2 milhões a serem bancados pelo governo federal.

A prefeitura do Rio de Janeiro, o Ministério do Esporte e o Comitê do Rio-2016 atribuem o aumento a novas exigências de padrões de acessibilidade , sustentabilidade e segurança. Acrescentam que o projeto inicial previa a reforma da instalação do Pan, e agora houve a construção de uma nova.

Apesar do gasto de R$ 14 milhões, o equipamento usado na competição continental não tinha as especificações exigidas para o padrão olímpico. Por isso, foi reprovado pela federação internacional de ciclismo. Foi desmontado e será transferido para outra cidade, provavelmente no Paraná.

Só que nada disso estava descrito no dossiê de candidatura. Também não estava previsto no documento um gasto extra de R$ 7,2 milhões que será usado para manutenção do velódromo por 23 meses. A nova instalação esportiva terá 5 mil assentos fixos e 800 temporários.

Orgão da prefeitura encarregado dos Jogos, a Empresa Pública Olímpica diz que não houve estouro. "O valor estimado no dossiê se referia à reforma do velódromo existente, não à construção de um novo, com os parâmetros olímpicos. Além disso, o valor do edital considera aspectos legais e normativos não existentes à época ou que necessitaram de atualização", afirmou o organismo municipal

Segundo a prefeitura, as novas exigências normativas levaram a um acréscimo de R$ 43,6 milhões ao orçamento da candidatura. Ou seja, na visão da Empresa Olímpica, há até uma redução de orçamento.

Não é o primeiro estouro de orçamento do Parque Olímpico. O Centro de Tênis, primeira instalação que foi licitada pela prefeitura, atingiu um valor 48% maior do que o previsto no dossiê de candidatura. Com o mesmo argumento usado para o velódromo, a prefeitura negou o aumento da estimativa de gasto.

Questionado pelo blog se o dossiê era uma peça de ficção, o Ministério do Esporte afirmou que "é um documento conceitual que norteia o projeto olímpico, mas não é o projeto definitivo". "Um dossiê de candidatura feito a quatro ou cinco anos do início das obras evidentemente não contém projeto executivo de obras e portanto não pode expressar o valor definitivo de cada instalação."

O órgão defende que mudanças nos projetos são "corriqueiras" e que economizou no Parque Olímpico por meio de uma PPP (Parceria Público Privada). Essa parceria não saiu de graça visto que uma área pública valorizada na Barra da Tijuca foi cedida à iniciativa privada.

Ou seja, os valores anunciados para a população na candidatura olímpica podem sofrer reajustes constantes até terem o projeto executivo concluído. Detalhe: ainda não há um orçamento definitivo para a Olimpíada, há menos de três anos dos Jogos do Rio-2016.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.