Topo

Rodrigo Mattos

Itaquerão já custa R$ 600 mi para o Corinthians e valor pode aumentar

rodrigomattos

23/10/2013 06h00

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_ )

Por causa dos problemas de financiamento, e pequenas mudanças na construção, o custo do Itaquerão para o Corinthians já atingiu cerca de R$ 600 milhões. É uma parte do gasto total com o estádio que também contará com incentivos fiscais para bancar o restante do valor. A conta ainda não está fechada porque há questões pendentes.

O custo total da construção da arena corintiana está em R$ 859 milhões, um pouco superior aos previstos R$ 820 milhões. Um aumento menor do que em outros estádios do Mundial.

Mas os atrasos no financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e nos CIDs (certificados de incentivos fiscais municipais) e questões tributárias aumentaram a conta para além do preço das obras.

Primeiro, o crescimento para R$ 859 milhões ocorreu por dois motivos. Um deles foi a adaptação do estádio para atender às regras do LEED, certificado de meio-ambiente.

Além disso, o clube perdeu as esperanças de recuperar os impostos já pagos no valor de R$ 25 milhões. O Itaquerão demorou a obter a isenção tributária a que têm direito os campos da Copa-2014, e o dinheiro não será devolvido pelo governo federal.

O Corinthians ainda contabiliza R$ 80 milhões em juros em empréstimos bancários e da Odebrecht. Como não saiu o financiamento do BNDES, que tem taxas menores subsidiadas, nem nada dos CIDs foi vendido, todos os R$ 700 milhões gastos para levantar o Itaquerão são de bancos e da construtora e têm juros maiores incidentes.

Há ainda outros R$ 20 milhões para adaptar o estádio para o Corinthians após a Copa-2014. Assim, chega-se ao custo total do estádio de R$ 960 milhões.

Desconte-se desse valor o que será viabilizado pelos CIDs. A prefeitura de São Paulo liberou R$ 156 milhões e promete um total de R$ 420 milhões. Mas cálculos bancários indicam que haverá um desconto de R$ 53,2 milhões na revenda dos títulos.

Assim, o que sobra de conta para o Corinthians são R$ 592 milhões em empréstimos a serem pagos, ou seja, cerca de R$ 600 milhões em valor presente. Na verdade, será um montante maior porque será quitado por financiamento em 15 anos.

Só que o clube está longe de estar tranquilo com esse valor. Quanto mais demora o empréstimo do BNDES, mais aumenta o custo com juros. Há preocupação na diretoria do clube em relação ao crescimento do valor. E o blog apurou com fonte da prefeitura de São Paulo que o mais provável é que os CIDs só saiam no próximo ano.

Há ainda questões em aberto em relação à obra: a prefeitura de São Paulo e o Corinthians negociam itens do estádio relacionados às instalações provisórias. Ambos querem minimizar os próprios custos. Ou seja, ainda pode haver acréscimos no lado do clube.

Certo é que Andrés Sanchez, responsável do Corinthians na obra, tem tentado evitar aumentos de custos e economizar na obra. Tanto que há uma sala no Itaquerão com o número do preço final da construção, que não deveria ser ultrapassado.

Em relação à construção, mais de 90% dos serviços e materiais já foram contratados e, então, não deve haver aumento significativo. Mas essas outras questões têm pressionado os custos corintianos que, inicialmente, seriam de R$ 400 milhões. Já subiram 50% e depende dos governos saber se vão ficar nesse patamar.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.