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Rodrigo Mattos

Sem jogo há um mês, Mané Garrincha se sustenta com Beyoncé

rodrigomattos

05/11/2013 06h00

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_ )

Logo após a Copa das Confederações, o Estádio Mané Garrincha espantava sua fama de elefante branco com uma enxurrada de jogos de times cariocas. Mas, aos poucos, a arena foi abandonada pelas equipes do Rio que retornaram ao Maracanã. Resultado: há um mês não há partida no local. Em 70 dias, foram dois confrontos. O jeito foi apelar a shows como o da cantora Beyoncé para sustentar a praça esportiva.

Com dinheiro público, metade do governo federal e metade do Distrito Federal, o estádio foi construído por R$ 1,5 bilhão em Brasília, cidade de pouca cultura de futebol. Abrigará sete partidas da Copa-2014.

Sem futebol local forte, o Estado atraiu Vasco, Botafogo e Flamengo para atuar em seus domínios. Deu certo quando havia disputas com os administradores do Maracanã.

Mas, após a briga entre vascaínos e corintianos, no final de agosto, o estádio sofreu um esvaziamento. Desde então, foram apenas duas partidas em 70 dias. Houve um amistoso da seleção brasileira com a Austrália, no dia 7 de setembro, e o clássico entre Flamengo e Vasco, no dia 5 de outubro.

"Mas tenho certeza de que arrecadamos mais do que o Maracanã neste período [semestre]. Foram R$ 3 milhões", afirmou ao blog o secretário extraordinário de Copa, Cláudio Monteiro. "Tivemos três shows, com Beyoncé, Aerosmith e um show nacional. Temos outros três shows agendados para o próximo ano. E um torneio da seleção feminina em dezembro."

Segundo ele, o aluguel proporciona lucro para governo do DF em relação ao custo de manutenção do estádio. Monteiro explicou que não sabia o gasto anual de cabeça, mas informou que não é alto. Um dos itens, contrato de empresa limpeza, exige o pagamento de R$ 1,9 milhão.

A operação em dias de shows ocorre por conta das empresas organizadores dos eventos. O DF recebe um aluguel entre R$ 150 mil e R$ 500 mil, dependendo do tamanho do evento. Beyoncé recebeu cerca de 30 mil pessoas, em setembro, menos do que os públicos iniciais de jogos do Flamengo. O Aerosmith teve 25 mil de público, em outubro.

"Só vamos poder fazer uma concessão do estádio depois da Copa-2014 que é o real motivo da construção. Ai, haverá uma licitação", contou Monteiro. Ele exaltou o fato de o estádio ter recebido 650 mil pessoas neste semestre após a Copa das Confederações, contra 350 mil de público do antigo estádio.

O secretário de Copa do DF ainda acredita que o Flamengo volte a atuar no Mané Garrincha, em 2014, além de outros clubes grandes nacionais. Há um acordo sobre o uso da arena, mas sem obrigação de realizar jogos por lá. O time carioca promete voltar, em data indefinida, no próximo ano.

Se os eventos são suficientes para pagar os custos, na palavra do governo do DF, estão longe de viabilizar os gastos com a construção do estádio. Esses ficarão por conta do público.

Em nota, o governo do DF contestou o custo do estádio, alegando que ele será de R$ 1,2 bilhão. Mas um relatório do tribunal de contas do distrito informou que o gasto foi de R$ 1,5 bilhão.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.