Fifa sofre enxurrada de ações por problemas com ingressos
( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_)
A Fifa sofre mais de 100 processos judiciais movidos por torcedores por conta de problemas com ingressos da Copa das Confederações e da Copa-2014. Há reclamações relacionadas aos locais dos assentos, questões com o pagamento por cartão de crédito ou tratamento a pessoas com deficiência identificadas pelo blog.
Questionada, a federação internacional afirmou que até agora foram julgados 23 ações contra ela por bilhetes, sendo que as cortes negaram os pedidos dos autores em 17 deles. Outros seis foram vitoriosos e levaram indenizações que giram entre R$ 2 mil e R$ 4 mil. Há 100 pendentes de julgamento. Os processos correm em juizados de pequenas causas.
Um exemplo é do torcedor Leandro Rodrigo de Oliveira Azevedo que processou a Fifa porque ficou insatisfeito com o lugar em que foi alocado em jogo durante a Copa das Confederações. Ele pagou R$ 418,00 pelos bilhetes da categoria 1, e ficou lado a lado com torcedores que pagaram R$ 95,00.
"Ou seja, ao comprar um ingresso de maior valor, deveriam os consumidores ser advertidos de que poderiam ser alocados no alto do estádio, ao lado de quem pagasse os menores valores. Tal aviso nada seria senão a manifestação da boa-fé e da transparência que deve permear todas as relações jurídicas, o que não foi observado pela ré (Fifa)", afirmou a juíza do 16o juizado especial do Rio, Simone Cavalieri Frota. "Assim, considerando a reprovabilidade da conduta ilícita e a gravidade do dano por ela (Fifa) produzido, entendo razoável o valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), a título de reparação por dano moral."
Já a torcedora Ketilen Santa Paes pediu indenização por dano moral com a alegação que não teve o tratamento correto que deveriam receber pessoas com necessidades especiais em jogo da Copa das Conderações em Brasília – comprou ingresso como obesa. Reclamou ter de andar três quilômetro, não ter ficado em um lugar bom e longe de sua acompanhante. Mas sua reivindicação foi negada.
"Neste sentido, entendo que os transtornos narrados na inicial não foram suficientes para gerar lesão a direito da personalidade da consumidora, sendo inerentes ao dia a dia do cidadão que frequenta grandes eventos, como o narrado na inicial. Portanto, entendo que os pedidos devem ser julgados improcedentes", explicou o juiz Gabriel Silva Dias, da 13a Vara Cível do Rio de Janeiro.
Em outro caso, Mônica Guedes Rodrigues entrou com um processo contra o Citibank, a Visa e a Fifa porque não foi concluída a compra de ingressos para a Copa-2014 por problemas na transação por cartão de crédito. Obteve até uma liminar para garantir os ingressos, mas isso não foi possível porque eles já tinham sido vendidos.
O Citibank ofereceu um acordo por R$ 1,5 mil, mas a torcedora queria 16 ingressos dos jogos do Mundial. Não houve acordo e o processo está pendente.
Já a torcedora Maria Cristina de Araújo Quintela ganhou indenização de R$ 2 mil da Fifa e do Itaucard por causa de uma falha na operação de compra dos ingressos. A venda foi cancelada e o dinheiro devolvido só que para o filho da torcedora, e não para ela. Por conta desse erro, a Justiça condenou a federação internacional a lhe pagar por danos morais.
Embora tenha ganho a maioria das ações, a Fifa admitiu que foi preciso fazer melhorias em determinados pontos da colocação dos torcedores. "O que podemos fizer é que pela entrega de alguns estádios muito perto da Copa das Confederações, alguns ajustes foram feitos na distribuição de assentos. Nós contatamos os afetados pelo problema e uma equipe estava ano estádio para realoca-los. Por isso, temos assentos extras" , afirmou a assessoria da Fifa.
A entidade ainda fez revisões de todos os processos de venda e dos mapas de distribuição de lugares após a Copa das Confederações em uma reunião com os administradores dos estádios, entre outros. Também aumentou o número de informações sobre a localização dos assentos, inclusive com os mapas das áreas onde os torcedores poderão se colocados.
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