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Rodrigo Mattos

Após dez anos, Fla e Vasco levam um terço do público à final

rodrigomattos

07/04/2014 06h00

Há dez anos, com a possibilidade de vingança alvinegra pelas derrotas recentes, Flamengo e Vasco levaram 57.762 pagantes para a primeira partida da decisão do Estadual do Rio de Janeiro. Neste domingo, de novo com a chance de revanche por parte dos cruzmaltinos, os times conseguiram atrair apenas 20.844 para pagar seus ingressos, praticamente um terço do último confronto.

A ESPN mostrou, antes do clássico, que o preço do bilhete médio tinha sido multiplicado por dez nestes últimos anos. É um fator a ser levado em conta, mas não é o suficiente para explicar a diferença tão grande de público.

Pelo aumento dos preços, os clubes ganharam até um pouco mais dinheiro. Considerada a inflação no período, a receita bruta corrigida do jogo de 2004 foi de R$ 1,160 milhão. Neste domingo, foi obtida uma renda total de R$ 1,324 milhão.

Só que rendas e públicos superiores foram vistos no Brasileiro da Série A. Durante esse período de dez anos, o Nacional consolidou-se com os pontos corridos. Não é incomum nem para Vasco nem para Flamengo obterem públicos acima de 20 mil pessoas em seus jogos.

Um exemplo é que o time vascaíno levou 48.077 pagantes na partida contra o Náutico, na reta final do Brasileiro, quando brigava contra o rebaixamento. A renda foi pouco menor do que a deste domingo, atingindo R$ 1,2 milhão. A média de público do time na competição foi de 17.618.

Já o Flamengo, apesar da campanha pouco empolgante, teve, na média, um público superior ao da final. Foram 23.385 por jogo no Brasileiro. Os clássicos entre os dois times, com a ressalva de que foram disputados em Brasília, tiveram públicos bem acima do visto na primeira decisão.

Se lembrarmos os quase 90% de jogos deficitários do Estadual do Rio, fica fácil constantar que, nos últimos dez anos, o público abandonou o campeonato em favor do Brasileiro e de outras competições. Essa década viu uma transformação no comportamento do torcedor que dificilmente será reversível.

Nem o sentimento de vingança vascaíno vai mudar isso como perguntou o blog na semana passada. Ou alguém acredita que, no próximo domingo, haverá um Maracanã cheio para a decisão do Estadual? Detalhe: em 2004, foram 80 mil pessoas para ver o título rubro-negro. O estádio nem recebe mais essa quantidade de gente.

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_)

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.