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Rodrigo Mattos

Ao intervir na Olimpíada, COI antecipa medida da Fifa na Copa

rodrigomattos

11/04/2014 15h55

Anunciada nesta quinta-feira, a intervenção branca do COI (Comitê Olímpico Internacional) nos Jogos do Rio-2016 é uma repetição do que tem feito a Fifa na Copa-2014. Ambas as entidades passaram a ter presença mais forte na organização das competições quando perceberam que os projetos tinham atrasos pela morosidade dos governos e pelas cobranças fracas de comitês organizadores locais.

O problema é que ficou claro que a intervenção da federação internacional no Mundial ocorreu tardiamente e não tem dado certo. Basta notar que há diversos estádios e outras instalações por terminar a pouco mais de dois meses do jogo de abertura.

Em maio de 2012, a Fifa decretou uma intervenção inicial no COL (Comitê Organizador Local) ao exigir a presença de um membro do governo federal, Luis Fernandes, no seus quadros logo após a renúncia de Ricardo Teixeira. O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, estreitou relações com esse executivo e passou a monitorar mais de perto as obras.

Também a dois anos e poucos meses do evento, Gilberto Felli, ex-secretário-geral do COI, tornou-se um interventor nos Jogos do Rio. É o executivo que mais entende de Olimpíada e passou a se dedicar integralmente à capital carioca. Fará viagens frequentes e estará encarregado de cobrar os governos por obras que não andem.

Não terá poder executivo no Comitê Rio-2016. Mas terá de fazer justamente o papel que organizadores locais não conseguiram: cobrar dos governos para agilizar as obras. Sua atuação será em projetos como o Complexo de Deodoro, que sequer teve as obras licitadas, e é o maior desafio da Olimpíada.

De início, os modelos das duas intervenções é diferente. Enquanto a Fifa confiou ao governo federal as tarefas de acelerar as obras, o COI assumiu o papel de quem vai cobrar diretamente as autoridades públicas. É uma característica do comitê olímpico ser mais participativo na organização da Olimpíada.

A federação internacional já percebeu que o seu modelo formatado em 2012, com confiança no governo federal, não deu certo. Tanto que pôs em prática nova intervenção neste semestre anterior à Copa. Basicamente, passou a atuar diretamente em soluções para os canteiros de obras de estádio e para as instalações provisórias para os estádios, juntamente com as cidades-sedes.

É esse tipo de atitude que se pode esperar de Gilbert Felli. Seu perfil é mais técnico, e menos político, em comparação com Valcke. Sua formação é como arquiteto, enquanto Valcke subiu atuando no marketing esportivo e no jornalismo..

A presença mais constante de Felli no Brasil é uma resposta do COI às reclamações das federações internacionais de esportes em relação ao andamento das instalações para competições no Rio. Há tanto preocupações com o que não saiu do papel, como Deodoro, quanto com as más condições de determinadas sedes, casos da Baía de Guanabara e Lagoa Rodrigo de Freitas, que receberão canoagem, remo e vela.

Caberá ao COI tentar fazer sua intervenção funcionar, o que a Fifa não conseguiu até agora.

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_)

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.