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Rodrigo Mattos

Falha, arbitragem do Rio é a mais cara do país: R$ 40 mil por final

rodrigomattos

15/04/2014 06h00

Responsável por erro crasso na final do Estadual, que decidiu o título em favor do Flamengo, a arbitragem do Rio de Janeiro é a mais cara do país em Estaduais com um custo de R$ 40 mil em cada uma das decisões. Um levantamento do blog mostra que o valor é bem superior aos pagos pelas outras seis principais federações do Brasil nos regionais.

No domingo, o auxiliar Luis Antônio Muniz de Oliveira deixou de dar um impedimento no gol marcado pelo Flamengo diante do Vasco, aos 45min do segundo tempo. A arbitragem assinalou gol de Nixon, em posição legal, em vez de Márcio Araújo, que estava impedido e de fato chutou a bola. A falha deu a taça ao time rubro-negro.

Pois bem, os borderôs das duas finais mostram que foram repassados R$ 34.188 para a Coopafer (Cooperativa de Árbitros de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) em cada uma das partidas. Com o pagamento do INSS e do imposto de renda, o custo total dos juízes foi de R$ 39.828,82 por jogo.

Para se ter uma ideia, a Federação Paulista de Futebol informou que todos os pagamentos aos seis juízes, incluídos quarto árbitro e adicionais, somam R$ 6.710 no nível mais alto, com integrantes da Fifa. Há um máximo de outros R$ 1.000 gastos com locomoção para partidas em São Paulo. Ou seja, o total sai por volta de R$ 8.000, incluídos INSS e impostos, para jogos como Ituano e Santos, final do campeonato.

"Há muito tempo acabou aquela história de descontar parte da renda. Houve reajuste para este ano. Para mim, ninguém reclama da taxa", afirmou o chefe de arbitragem de São Paulo, Marcos Marinho.

A Federação Bahiana é a que mais se aproxima do Rio com R$ 26 mil de custo total com arbitragem no boderô da final entre Bahia e Vitória. No Paraná, os árbitros da decisão representaram gastos de R$ 9.500,00. Em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, os jogos finais tiveram custos com juízes em torno de R$ 20 mil cada um.

Questionada, a Federação do Rio rebateu e afirmou que, na média, a arbitragem do Rio é mais barata do que a de São Paulo. Pela assessoria, o presidente da comissão de arbitragem Jorge Rabello disse que o Estado "é o único que paga taxas de arbitragem , por categoria de jogo enquanto todos os outros estados são por categoria de árbitros".

Ou seja, a taxa varia de acordo com o tamanho do jogo, pequeno x pequeno, grande x pequeno, grande x grande, semifinal e final. Enquanto isso, nos outros Estados se paga pela categoria do juiz. Assim, na versão dele, São Paulo teria gasto superior com juízes em todo o campeonato.

Só que os borderôs de jogos de times pequenos desmentem o dirigente da Fferj. Uma partida entre Audax e Macaé Sports, por exemplo, teve taxas de arbitragem de R$ 6.258,04, incluído o que se pagou na sub-20. Ou seja, em um jogo menor, a Fferj gasta apenas R$ 2 mil a menos com juízes do que em uma final de São Paulo. Qualquer partida de equipe grande gera custo de mais de R$ 10 mil com árbitros.

O blog falou com o presidente da Coopafer para questioná-lo para onde ia o dinheiro da arbitragem. Ouviu várias versões. "Retiradas as taxas, a Federação deposita e repassamos para os árbitros", explicou, inicialmente, Messias José Pereira, presidente da cooperativa.

Confrontado com o valor de R$ 34 mil pago na final, ele deu nova explicação: "O jogo foi ontem, não sei quanto foi o valor. Mas, se tem R$ 34 mil, esse valor é para árbitro da Série A, Série B, júnior", justificou. Quando questionado por que houve desconto nas duas finais e nas semifinais, ele voltou a versão inicial de que tudo era repassado aos árbitros.

Então, a ligação caiu ou foi interrompida. Após novo telefonema, a secretária informou que o presidente da Coopafer tinha ido almoçar. Não foi mais possível falar com ele apesar da insistência das ligações.

Somados os quatro jogos decisivos, semifinais e finais, a arbitragem carioca teve um custo total de R$ 123,5 mil. Pelo menos o valor é bem menor do que os R$ 20 milhões de prejuízos que o Vasco estima com a perda do título por conta do erro dos juízes no finzinho do jogo.

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_)

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.