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Rodrigo Mattos

Sem opções, Corinthians aposta em bilheteria no início do Itaquerão

rodrigomattos

23/04/2014 06h00

Quando foi elaborado, o projeto do Itaquerão previu receitas de várias fontes, como naming rights, camarotes, eventos médios e bilheteria. Mas, atualmente, a diretoria do Corinthians planeja apostar quase que só nas rendas dos jogos como fonte para pagar o estádio nos primeiros anos. Isso porque há um entendimento de que o cenário de marketing esportivo estará desfavorável até 2016.

A avaliação dentro do clube é de que a Copa-2014 e posteriormente a Olimpíada Rio-2016 vão drenar recursos dos mercados esportivos nestes próximos três anos. Com isso, a venda agora de ativos do estádio, como os direitos sobre o nome, poderia acontecer por valores menores do que os desejados. O Corinthians quer, por exemplo, R$ 400 milhões pelos naming rights.

O acidente que matou dois operários em novembro também prejudicou diversos negócios que estavam para serem fechados em relação à arena. Até o momento, a venda de camarotes, prevista para o final de 2013, continua emperrada.

Sem essas receitas, o clube tem que custear pelo menos R$ 80 milhões anuais para cobrir gastos com dívida e manutenção. Segundo apurou o blog, um estudo feito por responsáveis pela arena estimou uma receita líquida (após o corte de despesas) de cerca de R$ 120 milhões com bilheteria. Ao blog do Juca Kfouri, Andrés Sanches, chefe do projeto do estádio, previu renda bruta total de R$ 220 milhões em um ano e meio.

Para tentar atingir esse valor, o Corinthians terá de adotar diversas práticas. Primeiro, manter as arquibancadas provisórias que elevam a 68 mil lugares a capacidade. O diretor de operações do Itaquerão, Lúcio Blanco, confirmou que a arena funcionará com mais de 60 mil assentos após a Copa-2014 – o primeiro jogo, terá 50 mil.

Segundo, acabarão gratuidades em diversas categorias em seus jogos. No Pacaembu, crianças e idosos não pagam ingressos por conta de uma lei municipal. A diretoria corintiana cobrará de todos, informou Blanco.

Terceiro, o estádio será usado durante o segundo semestre mesmo em obras para adaptá-lo ao clube após a Copa-2014. Quarto, preços maiores de até R$ 350,00 em locais Vips.

A expectativa é de que, com metade da capacidade preenchida em média, o Corinthians conseguiria atingir a renda líquida anual estimada. Desta forma, pela tese dos cartolas, pagaria a manutenção, a parcela da dívida com a Caixa Econômica Federal/BNDES e acumularia caixa para agilizar a quitação dos débitos.

A questão é que essa projeção implica em uma média de público acima de 30 mil pessoas, superior ao que o Corinthians teve no Brasileiro do ano passado (24 mil) e do Estadual-2014 (15 mil). Mais do que isso, essa presença de torcedores terá de ser obtida com bilhetes mais caros do que no Pacaembu, e sem a possibilidade de crianças e idosos como acompanhantes gratuitos.

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_)

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.