A um mês do início, Copa do governo é uma ficção
Falta um mês para o Mundial, em poucos dias as seleções e turistas estarão no país. Não há mais como acelerar ritmo de obras, mudar planos, fazer novas promessas. O que foi feito, de fato, pode ser visto. E, diante do que se enxerga de concreto e nos planos oficiais públicos, a conclusão é de que o projeto de Copa do governo federal é uma ficção.
São diversas as razões que fundamentam essa tese. Primeiro, o custo do Mundial descrito pelo Ministério do Esporte na matriz de responsabilidades não é real – não inclui diversos itens, e boa parte deles tem valores desatualizados. Segundo, não dá para ter a mínima ideia do que efetivamente vai ficar pronto pelos dados disponíveis.
Ou seja, se você é brasileiro, não dá para saber o que terá em retorno pelo seu dinheiro. Já se você for um estrangeiro que está com pacote comprado para vir ao Brasil, não dá para prever o que vai encontrar, ou enfrentar no país do Mundial.
Vamos aos dados. Para começar, as informações do governo mostram um gasto entre R$ 25,6 bilhões e R$ 25,8 bilhões. Sim, há contradição entre números oficiais, da CGU (Contraladoria Geral da União) e da matriz de responsabilidades.
Bem, pelo que se lê na CGU, apenas R$ 15,2 bilhões foram gastos até agora. Ou a página que o governo usa para dar transparência à Copa está completamente desatualizada, ou, a um mês do Mundial, apenas 60% foi executado. Ambas as situações são graves.
Com isso, é impossível ter certeza de quanto do prometido ficará pronto. Fora que boa parte dos projetos já foi retirada do plano geral da Copa porque não estaria concluído. Diz o governo que serão realizados depois, mas diante da confiabilidade das informações prestadas até agora será que dá para cravar?
Mas não para por ai. A matriz de responsabilidades não inclui diversos gastos reais. Por exemplo, o Ministério do Esporte investiu mais de R$ 100 milhões em centros de treinamentos, e nada está registrado. Haverá despesas em torno de R$ 400 milhões em instalações provisórias em estádios, nada que conste por lá. Fan Fest? Esqueça, não existe nem previsão embora sejam os governos quem vão pagar por elas na maioria das sedes.
Os valores registrados também não são confiáveis. O Itaquerão ainda custa R$ 820 milhões pelos dados oficiais, quando o próprio Corintihans já admite um valor em torno de R$ 1,150 bilhão. O Maracanã, teoricamente, foi construído por R$ 1,05 bilhão. Seu preço final, no entanto, ultrapassou R$ 1,1 bilhão.
Deixemos de lado os números por um momento. Ou tentemos transporta-los para o mundo real de cada um. Qual a melhoria efetiva que você viu em transporte se mora em uma cidade-sede? Há algo pronto que tenha diminuído seu tempo de ida de casa para o trabalho?
Dificilmente isso aconteceu. Das 12 cidades-sede, só sete sobraram com projetos de mobilidade urbana por causa dos atrasos. E uma delas é Brasília onde há apenas uma obra no acesso ao aeroporto – 40% concluída, segundo a CGU. Ora, então, em metade das sedes não se viu nada, ou praticamente nada.
Essa realidade explica porque a presidente Dilma Rousseff só quer falar agora com Neymar e Thiago Silva sobre o que ocorre em campo. Nada aconteceu fora do gramado. Isso não inviabiliza o Mundial. Sim, vai ter Copa. E talvez a seleção salve o humor de todos por um mês se Felipão entregar o que prometeu, o título. Voltaremos a ser então o que sempre fomos aos olhos do mundo: o país do futebol e carnaval, e nada mais.
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