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Rodrigo Mattos

Paulinho é o novo Raí. Felipão tem que largar queridinhos, e botar melhores

rodrigomattos

23/06/2014 18h52

Quando o técnico Luiz Felipe Scolari convocou Henrique no lugar de Miranda, a justificativa era a confiança no jogador que tinha atuado com ele no Palmeiras. Quando foi questionado sobre a permanência de Paulinho no time, o treinador voltou a falar na confiança. Mas, no jogo contra Camarões, ficou claro que Felipão terá de abandonar seus homens de confiança, em favor daqueles que estão melhor, com fez Parreira em 1994.

Não são poucos os erros a consertar apesar do primeiro lugar no grupo A. Diante de um time já eliminado, o Brasil enfrentou sérios problemas no primeiro tempo, e melhorou no segundo tempo.

Havia uma cratera no meio de campo com um ineficiente Paulinho, o lateral-direito Daniel Alves cometia erros seguidos na defesa, e Fred estava ausente no ataque. Tudo que se viu nos jogos anteriores. Mais: até o miolo de zaga errava muito, como não se via antes.

O Brasil acabou em vantagem, repita-se diante de um time eliminado e bagunçado, graças ao talento de Neymar. Foi ele quem abriu o placar após cruzamento de Luis Gustavo, o único que tem, de fato, sido regular no meio. E o craque do Barcelona entrou driblando para fazer o segundo gol ao deslocar o goleiro. O craque, aliás, impressiona cada vez mais pela sua qualidade, e pela forma como aguenta a pressão.

Era o único jeito visto que, sem meio de campo, o time baseava sua alimentação do ataque com lançamentos diretos de David Luiz e Thiago Silva para frente. Oscar, que foi bem no primeiro jogo, também estava desaparecido.

Felipão percebeu, e teve que abandonar o seu primeiro homem de confiança: Paulinho saiu para a entrada de Fernandinho no intervalo. Isso melhorou a proteção à zaga, contendo os buracos que deixaram os defensores expostos. Até ofensivamente ele foi melhor ao participar do gol de Fred, e fazer o seu em tabela.

Titular durante quase toda a campanha de Felipão, Paulinho repete o papel de Raí na Copa-1994. Então, o meia perdeu sua vaga para Mazinho durante o Mundial e o time melhorou.

Já Fred esteve longe de ser brilhante no segundo tempo, mas melhorou um pouco: fez um gol, participou de outro e deu um chute perigoso. Mais do que fizera nos outros 225 minutos da Copa.

Só que, contra o Chile, o Brasil enfrentará uma adversário muito mais difícil e bem armado, como ficou demonstrado no jogo contra a Holanda. É preciso incrementar outros pontos falhos. Maicon deveria barrar Daniel Alves. Também pode se discutir as posições de Oscar e Hulk, ambos mal na partida contra Camarões, e com bons reservas, Willian, Ramires e Bernard.

A verdade é que a seleção brasileira só se classificou em primeiro no grupo A graças a erros de arbitragem. Tanto o pênalti em cima de Fred, inexistente, quanto dois gols mal anulados do México diante de Camarões colocaram o time na ponta.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.