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Rodrigo Mattos

Felipão transforma uma seleção gloriosa em piada

rodrigomattos

12/07/2014 18h53

No Maracanã, um jornalista alemão voltava de entrevista coletiva do técnico argentino, Alejandro Sabella, e perdera 20 minutos do jogo do Brasil. Ele pergunta para um colega quanto está o placar da partida contra a Holanda. Após ouvir a resposta, espanta-se: "Dois, já?". As risadas acompanhavam os comentários sobre o confronto pelo terceiro lugar na Copa, entre brasileiros e estrangeiros.

Em dois jogos, sob a chancela da CBF, o técnico Luiz Felipe Scolari conseguiu transformar em piada o time mais glorioso da história do futebol, o único que conquistou cinco títulos mundiais. É o resultado da segunda atuação completamente desorganizada do Brasil, após o vexame de sete gols diante da Alemanha na semifinal.

Como ocorreu em todos os jogos eliminatórios deste Mundial, Felipão mandou o time marcar por pressão no ataque adversário, repetindo o que deu certo contra a Espanha há um ano. Parece que ele não viu a Holanda nesta Copa. A equipe do treinador Louis Van Gaal gosta de contra-atacar quando o adversário vem para cima.

E o castigo chegou rápido. Após uma retomada de bola, Robben recebeu em velocidade, superou Thiago Silva e foi puxado fora da área. O árbitro Djamel Haimoudi marcou pênalti inexistente. Mas ele também deveria ter expulsado o zagueiro brasileiro por ser último homem em direção ao gol.

O gol não mudou o panorama. A seleção repetia seu estilo voluntarioso, tinha mais a bola, mas era nula ofensivamente. E abria espaços de forma recorrente. Em um jogada da direita, houve um cruzamento e David Luiz cabeceou para o meio da área. Só por ali Blind teve tempo de dominar e chutar no canto. Havia impedimento no início da jogada, ignorado pelo auxiliar.

Em seu twitter, o australiano Tim Cahill, autor de belo gol na Copa, postava uma foto com gesto de sono: "Difícil de assistir a esse jogo. Sinto pelos fãs brasileiro." A seleção era piada até para um australiano.

A correria em campo continuava, assim como a improdutividade. Ao lado do campo, Hulk e Neymar davam instruções para Thiago Silva, enquanto Felipão balançava os braços. As brincadeiras se espalhavam por todos os lugares.

A volta para o segundo tempo teve a entrada de Fernandinho, o mesmo que errou tudo contra a Alemanha. O time tinha volantes, mas não sabia se defender. Marcava pressão, mas não roubava bolas. E assim seguiu o segundo tempo.

Morta, a Holanda cedia espaço e dava o jogo para o Brasil. Até os contra-ataques, onde dispunham de espaço, os holandeses desperdiçavam. Havia um misto de cansaço e falta de empolgação com o jogo do lado laranja.

A pressão brasileira era desorganizada, mas, diga-se, resultou em um pênalti não marcado em mão do zagueiro de laranja. Não houve nenhum momento em que o que se viu foi uma seleção com um plano de jogo, uma estratégia, um sistema para tentar vencer.

Uma parte da torcida até apoiou no primeiro tempo, em uma ola que mais parecia uma circo no primeiro tempo. Vaiou no intervalo, e tentou ajudar na segunda etapa. Até que veio o gol de Wjdnaldum, livre na área apesar da presença de quatro – repita-se quatro – zagueiros.

Ninguém no Mané Garrincha aguentou mais, e os apupos foram unânimes. Para o brasileiro, a piada perdeu a graça.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.