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Rodrigo Mattos

Dunga só pensa na Copa-2018, e esquece futuro do futebol nacional

rodrigomattos

22/07/2014 12h30


Do discurso do técnico Dunga, em sua primeira entrevista coletiva, conclui-se que a CBF continuará a pensar apenas na preparação do time para a próxima Copa, em 2018, sem planejar o futuro. Sua estratégia é oposta a da Alemanha que priorizou uma plano de cerca de 10 anos para formar seu time campeão, e, mais do isso, mudar seu futebol.

A intenção de Dunga fica clara em uma das suas afirmações: "Procuramos jogador não para daqui a dez anos, mas para curto e médio prazo", afirmou ele, embora tenha prometido trabalhar juntamente com a divisão de base.

Posteriormente, ele afirmou que a Alemanha não mudou muito sua estrutura nos últimos anos porque já contava com campos e centros de treinamento – o treinador viveu um bom tempo no país, onde foi jogador. Só que os alemães, de fato, construíram mais de mil campos, e exigiram alterações nos CTs de todos os clubes. Para Dunga, o país achou "uma boa geração".

O treinador, no entanto, reconheceu o atraso do futebol brasileiro ao contrário do antecessor Luiz Felipe Scolari, para quem o 7 a 1 para Alemanha foi fruto de uma "pane". Dunga afirmou que o Brasil não é mais o melhor e terá que trabalhar, sem ilusões, para retomar sua posição. "Não vamos vender a ideia de que vamos ganhar antes da Copa."

É fato que Dunga demonstra estar mais antenado com o futebol atual do que o antecessor ao admitir que este é disputado em todos os setores do campo, com todos os jogadores marcando e atacando. Mas suas referências entre os treinadores atuais, aqueles com quem diz ter conversado, não são os tops que revolucionam o esporte.

Citou Arrigo Sachi, Arsene Wenger e Rudd Gullit. Mas são Guardiola, Jurgen Klopp e Joachim Low, entre outros, que dominam o cenário atual. Também surpreendeu que ele tenha dito que a maioria dos times foi defensiva na Copa-2014, já que o torneio bateu o recorde de gols ao lado do Mundial-1998.

Do discurso de Dunga, pode se concluir que haverá um trabalho tático e coletivo forte para recuperar a seleção. Mas não há nenhum sinal de estratégia para fazer a revolução que o esporte precisa no país.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.