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Rodrigo Mattos

Metade dos jogos do Brasileiro é disputada em estádios velhos

rodrigomattos

22/08/2014 06h00

A Copa-2014 proporcionou como principal legado uma série de estádios novos para o futebol brasileiro. Só que, na Série A do Nacional, metade das partidas ainda é disputada em arenas velhas, construídas há quase cem anos em alguns casos. No total, houve até mais jogos da elite nestas estruturas antigas em 2014 por conta do fechamento das outras para o Mundial.

No total, foram jogadas 98 partidas em estádios velhos, e 62 nos novos ao final desta 16a rodada. Desconsideradas as rodadas afetadas pela Copa, o número fica de 58 a 53. As últimas rodadas, no entanto, têm uma igualdade entre as arenas.

Considerados os 20 times da Série A, metade deles têm como sede principal estádios novos, construídos para o Mundial-2014 ou dentro do padrão da Fifa. São arenas como o Mineiro, Beira-Rio, Itaquerão, Maracanã, Independência, Arena da Baixada, Arena do Grêmio e Fonte Nova.

Mas outras 10 equipes ainda mandam jogos em arenas antigas – algumas foram reformadas recentemente, mas estão longe do padrão de praças modernas. São os casos do Couto Pereira, Orlando Scarpelli, Pacaembu, Barradão, Heriberto Hulse, Arena Condá, Serra Dourada, Vila Belmiro, Ilha do Retiro e Morumbi.

Levantamentos já mostraram que os estádios novos têm mais público e mais gols. Mas a realidade brasileira ainda é ter jogos em estruturas obsoletas, ou pequenas, algumas vezes até com o gramado fora do padrão adotado em jogos modernos.

"O público brasileiro ainda convive com dois planetas diferentes: o da Copa-2014 e dos estádios de 1950. Isso vale na Série B, Série C", analisou o arquiteto da Arena Pantanal, Sergio Coelho. "Há uma diferença na visibilidade, segurança, atendimento ao atleta. Quem segue o futebol tem essa experiência."

Arquiteto da Fonte Nova, demolida e reconstruída, Marc Dwe reforçou a posição ao comparar o projeto antigo ao atual da arena baiana. "Há mais espaço para o vestiário, imprensa, área VIP. Aumenta-se o número de sanitários", contou. "A área que ocupa é menor que a anterior, mas o prédio é maior."

Ambos ressaltaram que será difícil a adaptação dos estádios velhos a condições similares dos novos, a não ser se houver um alto gasto como no novo Maracanã, R$ 1,2 bilhão. "Esses estádios novos vão causar efeito no público que vai exigir serviço diferente, e o outro vai ter que se modernizar."

Quando for inaugurada a Arena Palmeiras, haverá uma superioridade de mandantes com estádios novos na Série A. Espera-se que o padrão visto neles se replique para os outros lugares, o que representaria um aumento considerável do legado da Copa. Até porque pagou-se bastante caro por isso.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.