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Rodrigo Mattos

Neymar evolui bem mais do que a seleção de Dunga

rodrigomattos

14/10/2014 09h51

Após o seu quarto jogo no comando do time, diante do Japão, o técnico Dunga promoveu, sim, alguma evolução na forma de jogar na seleção brasileira. Em relação à Copa, há movimentação mais dinâmica no ataque, e a defesa se posta de forma correta. Mas quem cresce mais a cada jogo, a cada temporada de forma impressionante é Neymar, autor de quatro gols.

Primeiro, é preciso lembrar que o Brasil pegou uma maioria de reservas japoneses. Ou seja, enfrentou a segunda formação de um time que teve campanha medíocre na Copa-2014. Essa equipe asiática, com titulares, tomou de três contra Luiz Felipe Scolari. Podemos encarar o jogo como um coletivo de luxo.

Feitas essas ressalvas, a seleção aproveitou os espaços deixados pelos japoneses com um futebol com bola no chão e uma troca constante de posições no ataque. Neymar, por exemplo, era visto muito mais à frente do que o teoricamente centroavante Diego Tardelli. A entrada do atleticano é um ganho sobre Fred por mexer com a estrutura do ataque.

A formação inicial do meio de campo é quadrada com dois meias (Oscar e Willian), que estiveram na Copa, e esteve longe de encantar. Em relação à defesa, dá para vê-la mais bem postada e com o ganho da presença de Miranda por conta dos outros jogos porque, neste, não houve teste.

Outro ponto positivo foi a entrada no segundo tempo de jogadores como Éverton Ribeiro e Philipe Coutinho, que podem proporcionar formas variadas de jogar ao meio brasileiro. Kaká e Robinho, experientes, aproveitaram o adversário carne assada, mas há sérias dúvidas sobre a utilidade deles até 2018. Para mim, não fazem sentido neste time renovado.

Em um resumo geral, apesar da goleada, o time ainda está longe de justificar as exaltações vistas após fazer quatro gols e bater a Argentina. É preciso lembrar que a seleção de Felipão também se mostrou muito segura e goleadora em determinados momentos, mas se mostrou ultrapassada na hora decisiva. Dunga faz escolhas certas, mas já é certo que não promoverá nenhuma revolução tática.

Se o time apresenta alguma evolução, quem cresce de forma avassaladora é Neymar. Qualidade sua desde o início da carreira, a precisão no arremate melhorou e às vezes encontra semelhanças com Messi pela simplicidade das soluções encontradas para fazer o gol. Sua variedade de recursos técnicos é tão ampla que nos deixa em dúvidas sobre se há um limite para ele.

Não é só na seleção. Seu início de temporada com o Barcelona é uma demonstração de como o futebol fica mais fácil para ele a cada dia. Tão jovem já é o quinto atacante com mais gols na seleção. Agora é preciso lembrar que, na semifinal da Copa, o Brasil não pôde contar com Neymar por contusão. Portanto, é preciso construir alternativas para essas situações.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.