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Rodrigo Mattos

Após três anos, clubes têm R$ 150 mi para esporte olímpico. Fla ganha mais

rodrigomattos

23/10/2014 13h01

Após um imbróglio jurídico de três anos e meio, os clubes poderão ter acesso a um valor entre R$ 145 milhões e R$ 160 milhões no para investimento em esporte olímpico. Esse dinheiro é público, oriundo de loterias, e estava travado por conta de falta de regulamentação para seu uso, o que era responsabilidade do Ministério do Esporte. Os primeiros repasses ocorrerão no final de 2014, e o efeito para a Olimpíada será nulo.

No início deste ano, saiu a regulamentação para o uso dos recursos. Então, a Confederação Brasileira de Clubes se estruturou para estudar e aprovar projetos. Nesta semana, foram anunciados os programas aprovados no primeiro pacote, em um total de R$ 23 milhões para equipamentos esportivos.

O maior beneficiado foi o Flamengo que teve três projetos referendados que englobam natação, judô, vôlei, remo e canoagem, em um total de cerca de R$ 5,3 milhões. A previsão é de que o dinheiro para os 21 clubes seja liberado até dezembro deste ano.

"Tivemos que fazer toda uma restruturação física, contratar pessoas e formar uma comissão para analisar os projetos. A legislação para entidades pegarem recursos é bem dura, com fiscalizações de CGU e TCU, então, temos que estar preparados", afirmou o presidente da CBC (Confederação Brasileira de Clubes), Jair Pereira. "Fomos bem rápidos perto do Ministério do Esporte."

Explica-se: em março de 2011, foi aprovada a lei que dava aos clubes uma fatia sobre o dinheiro das loterias para investimento em esporte olímpico. O recurso iria para a CBC administrar só que dirigentes da entidade argumentavam que não podiam liberá-lo por falta de regulamentação do Ministério sobre o uso dessa verba. A pasta, por sua vez, alegava que não era preciso regra. Finalmente, em 2011, saiu a portaria com a regulamentação.

Pelas regras impostas, 20% ficam para a administração da CBC gerir os recursos. Há fatias de 15% para esporte paraolímpico, 15% para confederação de esporte universitário e 15% para confederação de esporte estudantil secundário. O grosso vai para os clubes em projetos aprovados pela CBC. A estimativa é que saiam R$ 50 milhões por ano para os clubes.

O primeiro montante foi para compra de equipamentos. O segundo será para participação em competições nacionais. Para ter acesso ao dinheiro, os clubes têm que estar em dia com todas as suas dívidas com o governo federal, isto é, as CNDs (Certidão Negativas de Débitos). Foi o que ocorreu com o Flamengo que montou um departamento com esse objetivo, e mantém pagamentos das dívidas em dia.

Um dos projetos é para construir uma nova piscina na sede da Gávea. Será importada a italiana Myrtha, que vem inteira, para ocupar o espaço vazio atual para treinamento aquático do clube. Ainda serão comprados cronômetros, blocos de saída, etc.

Um total de 45 barcos será comprado para o remo, esporte fundador do clube, e dois dojôs para o judô. Por fim, haverá um novo fosso para a queda dos atletas de ginástica, que tinha sido danificado no incêndio no clube. O vice de Esportes Olímpicos do Flamengo, Alexandre Póvoa, disse que o clube estava se preparando para isso, mas admite que o dinheiro chegou tarde para ter impacto na Olímpiada do Rio-2016.

"Para a Olimpíada de 2016, é zero, esquece. Estamos nos preparando para formar atletas para 2020, 2024. Vamos aproveitar esse ciclo olímpico com dinheiro público e projetos para esses esportes porque empresas privadas não querem investir. Depois de 2016, não sabemos se o governo vai continuar a investir", disse Póvoa.

Além do Flamengo, clubes como o Minas Tênis, Paulistano, Sogipa também terão acesso a verbas, em um total de 21.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.