Democratização da CBF divide clubes e jogadores. Governo fica neutro
A democratização da CBF tornou-se um dos pontos do racha entre os clubes de futebol e o Bom Senso FC, representante dos jogadores. Em meio à discussão da lei para dívidas dos times, o grupo de atletas quer incluir a entidade nas regras da Lei Pelé que limitam mandatos, preveem medidas de transparência e participação de esportistas em eleição, e na diretoria. Os clubes resistem.
No final de 2013, o governo federal regulamentou o artigo 18A da Lei Pelé que prevê uma série de regras para as entidades desportivas beneficiadas por recursos públicos. A princípio, a confederação estaria isenta. Só que há um movimento do Bom Senso FC e da "Atletas pelo Brasil" para incluí-la com pressão sobre o governo de Dilma Rousseff.
O grupo de jogadores de futebol alega que, em reunião, os clubes tinham concordado em botar a CBF dentro do artigo 18A, da qual a entidade escapa por não receber recurso público. Os clubes negam que tenham aceitado essa condição, e rebatem dizendo que não era prerrogativa deles negociar esses termos.
"Sempre colocamos que havia coisas que não era conosco, mas com a CBF", afirmou o presidente do Coritiba Vilson de Andrade Ribeiro, representante dos clubes.
Em paralelo, o grupo "Atletas pelo Brasil", que tem como figuras de destaque Raí e Ana Moser, cobrou de candidatos a presidente da República a assinatura de uma carta em que eles tivessem o compromisso pela democratização das entidades esportivas. Isso incluiria a participação de atletas no colégio eleitoral.
O governo, no momento, adota uma posição dúbia diante da pressão. "Temos que avaliar. O que corre o risco é de a lei ser questionada na Justiça porque a CBF pode entender que ela não é constitucional", alegou o secretário de futebol do Ministério do Esporte, Toninho Nascimento.
Caberá então ao Ministério do Esporte e à Casa Civil decidir o status jurídico da CBF durante a discussão da lei, ou nada fazer e mantê-la isenta de responsabilidades previstas na lei.
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