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Rodrigo Mattos

Credores do Vasco, Romário e Edmundo deveriam participar da eleição?

rodrigomattos

11/11/2014 12h24

Às vésperas da eleição para presidente do Vasco, que se realiza nesta terça-feira, o senador eleito Romário declarou apoio à volta de Eurico Miranda. A questão é qual a legitimidade do ex-jogador de influenciar no pleito se é credor do clube? Mais, a dívida vascaína com ele se sustenta em uma confissão assinada por Eurico. Situação similar é vivida por Edmundo, outro que tem dinheiro a receber do clube.

Vamos recapitular a história. Romário jogou pelo Vasco durante alguns anos sob o comando do ex-deputado federal. Em boa parte desse período, o então dirigente estabeleceu um salário muito alto para o atacante, e não conseguiu paga-lo.

Com razão, o ex-jogador cobrava os valores. Em 2004, Eurico assinou um documento em que confessava a dívida de R$ 22 milhões, montante questionado pela oposição do clube. Foi feito um acordo de pagamento, mas logo o Vasco se tornou inadimplente.

Resultado: Romário executou judicialmente o clube e conseguiu uma decisão de que fossem penhorados R$ 58 milhões do Vasco por conta de multas e pela inadimplência. Advogados vascaínos perderam todos os recursos, em uma ação que era reforçada pela confissão feita por Eurico.

No início de 2013, as duas partes chegaram a um acordo. Romário aceitou receber R$ 18 milhões do clube, em parcelas mensais de R$ 150 mil. "O acordo está sendo cumprido e as parcelas pagas todos os meses", afirmou o advogado vascaíno Marcelo Macedo ao blog. Eurico alega que, como pagava o ex-atacante, o débito estava em R$ 15 milhões na sua gestão. É esse o valor atual da pendência após o pagamento de 20 meses.

Não se questiona, óbvio, o direito do senador eleito de cobrar os salários não pagos pelo clube. Todo trabalhador que não recebe deve fazer o mesmo. Mas, ganhando do Vasco, Romário tem interesse particular na sua gestão. Com o amigo Eurico no poder, há uma chance maior de as parcelas de sua dívida serem quitadas. Será que não se configura como um conflito de interesse?

Uma questão similar é enfrentada por Edmundo, que foi bastante atuante na campanha de Júlio Brant. Inicialmente, advogados do Vasco informaram que não havia mais pendências com o ex-jogador.

Mas o blog confirmou com envolvidos no caso que a dívida do clube com ele gira em torno de R$ 3,2 milhões em salários não pagos. Esse valor sobe para R$ 6 milhões com os juros. Assim, caso Brant fosse presidente, surge a mesma pergunta: não haveria um conflito de interesse entre Edmundo e a gestão que assumisse o Vasco?

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.