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Rodrigo Mattos

Galo faz dois anos espetaculares que mudam sua história

rodrigomattos

26/11/2014 22h58

Ao se observar a lista de títulos do Atlético-MG em sua página na internet, há apenas uma taça nacional ou internacional revelante até 2012: o primeiro Campeonato Brasileiro em 1971. Essa história mudou desde 2013. Ao bater o rival Cruzeiro na final da Copa do Brasil, o time alvinegro acumulou dois títulos importantes, com a Libertadores, em apenas dois anos e mudou sua sorte.

Ambas as conquistas ocorreram de forma espetacular, com viradas consideradas impossíveis, e uma atitude para jogar mata-mata pouco vista em qualquer outra agremiação. A ponto de conseguir amassar Corinthians e Flamengo, a ponto de se impor fisicamente, taticamente e tecnicamente sobre o tradicional adversário de Minas.

Foi assim na segunda partida da decisão no Mineirão. Diante de um estádio com espaços vazios no meio, fruto da ganância de cartolas do Cruzeiro, o Galo se impôs desde o início do jogo.

Para um time que tinha vantagem de dois gols, o time atleticano tinha uma estratégia corajosa de marcar à frente, pressionando zagueiros e volantes. Como Marcelo Oliveira errou ao escalar Newton, de passe ruim, eram vários os erros e as retomadas de bola do time avinagro.

Com a bola no pé, Diego Tardelli e Luan superavam com facilidade seus rivais na velocidade. Nos cruzamentos, a zaga do Cruzeiro voltava a errar, como no domingo, e também permitia conclusões a gol livres. Tardeli, Dátolo e Marcos Rocha perderam gols diante de Fábio.

Até que no final do primeiro, enfim, justiça. Em um cruzamento na área, a zaga dormiu de novo e Tardelli completou de cabeça para abrir o placar. A pasmaceira era tanta que dois cruzeirenses davam condição legal ao atleticano sendo um deles Marcelo Moreno que levantou lentamente após queda. Ressalte-se que a falta de atitude também tinha haver com um desgaste físico do time azul, que jogou no final de semana para ganhar o Brasileiro.

Restava aos torcedores do time celeste no estádio ouvir os cerca de 2 mil rivais que foram ao estádios cantar e provocar. Era um martírio para a maioria azul.

O que se esperava no segundo tempo era disposição já que uma virada com quatro gols seria feito ainda maior do que o do Atlético-MG nas quartas-de-final e da semifinal. Não aconteceu. O time errava nos passes e quase não chutava a gol. "Sem alma não se chupa nem um chicabon", dizia Nelson Rodrigues. Quanto mais virar uma final contra um rival.

O próprio técnico atleticano Levir Culpi, que deu aula de clarividência nesta campanha da Copa do Brasil, reconheceu que a alma pesou na vitória do Galo. Com a vantagem, o time alvinegro restava administrar a enorme vantagem, esperar, tocar a bola de lado quando a tinha. E o time quase não foi incomodado até o apito que lhe deu o título. Só as torcidas que cantavam e trocavam provocações do lado de fora.

O Galo ganhou a maior final da Copa do Brasil. Conquistou o título com a campanha mais espetacular da história da competição ao bater Palmeiras, Corinthians, Flamengo e Cruzeiro, todos times de tradição, dois deles vencidos com viradas incríveis.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.