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Rodrigo Mattos

Cara, final tem um dos piores públicos da história da Copa do Brasil

rodrigomattos

27/11/2014 05h00

Após seguidas brigas entre os cartolas, as duas finais da Copa do Brasil entre Atlético-MG e Cruzeiro tiveram um público somado de 58.364 pagantes, com um média de menos de 30 mil pessoas por jogo. É apenas o 20o maior público em 26 decisões da competição. Motivos: os altos preços e as disputas entre dirigentes dos dois times.

Os dois jogos prometiam ser a maior final da Copa do Brasil. Primeiro, envolviam as melhores equipes do Brasil. Segundo, era um confronto entre rivais do mesmo Estado. As partidas podem ter sido boas, mas pouca gente assistiu a elas no campo. Foram 18.578 no Independência, e 39.786 no Mineirão, que tinha o setor do meio vazio.

Desde a criação da Copa do Brasil, em 1989, houve 19 finais que tiveram públicos maiores do que a decisão mineira, segundo levantamento do blog. As exceções são jogos que envolvem times pequenos ou equipe com estádio menores, como Paulista e Fluminense,  realizado em São Januário, ou Vitória e Santos, com uma partida na Vila Belmiro.

Em partidas de grandes, só Fluminense e Inter, em 1992, teve menos gente e assim mesmo porque o time carioca não contava com o Maracanã na época e atuou nas Laranjeiras. Claro, os estádio no Brasil diminuíram. Mas, para se ter uma ideia, o público somado das finais mineiras foi menor do que o da segunda partida da decisão entre Flamengo e Atlético-PR, no ano passado, que totalizou 68 mil presentes em um Maracanã já moderno.

O que levou a isso? Há a rivalidade entre os clubes que gerou uma briga por ingressos, e marcação do primeiro jogo para o Independência. O Atlético-MG dificultou as coisas para o Cruzeiro na primeira partida, e não houve torcida visitante. O clube celeste criou obstáculos para o rival na segunda partida, e o número de visitantes foi reduzido.

Mas o principal culpado foi o preço abusivo do ingresso. O Cruzeiro acabou com uma renda de R$ 7.855 milhões, abaixo dos R$ 10 milhões esperados. Com esse público, o ingresso médio ficou em R$ 197,44 – seria ainda mais se a Justiça não tivesse barrado os R$ 1.000 pedidos para o setor dos atleticanos. No primeiro jogo, o Galo cobrou ainda mais: o valor do bilhete médio atingiu R$ 255,19. Apenas as entradas da final da Libertadores de 2013 atingiram patamar similar.

O fracasso de público da decisão coloca em xeque esse crescimento de preços de ingressos muito acima da inflação. Em 2013, o Flamengo cobrou R$ 162,00 em média por entrada, e lotou o estádio. Parece ter encontrado um valor aceito pelo mercado. Clubes mineiros subiram ainda mais o valor e viram vários lugares vazios. Se o torcedor aceita reajustes em partidas finais, há limites.

Há ainda uma discussão em relação à elitização do futebol. Faz sentido o clube lucrar o máximo possível com bilheterias para pagar suas contas. Mas até que ponto uma política de preços abusivos compromete o espetáculo? Na última vez em que disputou uma final da Copa do Brasil no Mineirão, o Cruzeiro teve 80 mil de público diante do Flamengo. Foi campeão.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.