Em 12 anos de PCdoB, esporte tem bilhões, mas só avança em escândalos
A nomeação de George Hilton (PRB-MG) para o Ministério do Esporte representa o fim de 12 anos de domínio do PCdoB. Neste período, o orçamento da pasta foi multiplicado como em nenhuma área. Nem com todo esse dinheiro o partido foi capaz de estruturar o esporte nacional. Só colecionou escândalos que mostraram o uso do setor para fins partidários.
Pior, o PCdoB desperdiçou a maior oportunidade de desenvolvimento do esporte nacional quando o país recebeu a Copa-2014 e será sede dos Jogos Rio-2016. O futebol brasileiro saiu menor do que entrou no Mundial. E as outras modalidades olímpicas não têm nenhum plano para que consolidem avanços, seja na base, seja no adulto.
Vamos aos dados. Foram três ministros: Agnelo de Queiroz (2003 – 2006), Orlando Silva Júnior (2006 – 2011) e Aldo Rebelo (2011 – 2014). Dos três apenas o último saiu ileso de acusações de irregularidades, embora nem tudo tenha sido provado.
Quando Agnelo assumiu o ministério no primeiro governo Lula, o seu orçamento foi de R$ 147 milhões. Neste último ano, o orçamento foi de R$ 3,39 bilhões, embora apenas R$ 1,2 bilhão tenham sido executados até outubro, segundo o blog do José Cruz. Isso não é tudo visto que houve explosão de recursos de estatais, lei de incentivo e lei piva. E onde foram parar esses montantes?
Do dinheiro aplicado diretamente pelo ministério, a maior parte foi para os programas Segundo Tempo (para estudantes) e quadras e equipamentos. Reportagens em sequências de diversos veículos mostraram como esses recursos foram direcionados para ONGs ligadas ao partido, muitas vezes sem sequer que o serviço tenha sido prestado, ou para aliados políticos em prefeituras.
Agnelo e Orlando foram envolvidos em denúncias de que ficaram com fatias de recurso de determinada ONG de Brasília. Foram inocentados por órgãos de controle do governo. O aparelhamento do ministério para favorecer amigos do partido, no entanto, é um fato.
Ainda houve diversas irregularidades apontadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) relacionadas a contratações do Pan-2007, consultorias para a Copa-2014 e Rio-2016, entre outros negócios.
O dinheiro aplicado por meio de estatais, de lei piva ou lei de incentivo gerou as mesmas suspeitas ou certezas sobre a aplicação para fins escusos. Basta lembrar do encerramento do patrocínio do Banco do Brasil para o vôlei porque dirigentes desviaram recursos para fins não esportivos.
Sim, o esporte olímpico teve um salto em sua estrutura de elite, isto é, quando os atletas vão para a Olimpíada. Mas nenhum projeto de massificação da prática esportiva foi estruturado apesar dos 12 anos de comando do PCdoB. Tanto que os talentos continuam a surgir de forma espontânea quase sem apoio do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), principal parceiro de política esportiva.
E o futebol? Apesar do estatuto do torcedor e da reforma da Lei Pelé, o Ministério do Esporte chega ao final do poder do PCdoB ainda tentando fechar um projeto para estruturar os clubes brasileiros, falidos nas mãos de cartolas. A lei que se discute atualmente, chamada de responsabilidade, mais se assemelha a uma nova Timemania que tinha o mesmo fim e nada resolveu no futebol.
Sob o partido dito comunista, nosso futebol piorou a olhos vistos como ficou claro na goleada de 7 a 1 para a Alemanha. Bem, o Ministério do Esporte não é a CBF, argumentarão muitos, com razão. Mas qual regulação ou fiscalização o PCdoB tentou impor à confederação para melhorar o esporte? Que medida eficiente foi tomada para tentar conter a violência nas arquibancadas?
Os estádios para o Mundial foram todos construídos com dinheiro público ao contrário da promessa da CBF e do então ministro Orlando Silva Jr. Qual o maior superfaturamento entre eles? O Mané Garrincha, sob a gestão do mesmo Agnelo, primeiro ministro da fila. Os atrasos em obras sob fiscalização do ministério também foram a regra, e não a exceção.
Ressalte-se um mérito. O secretário-executivo do Ministério, Luis Fernandes, que assumiu a condução da Copa nos anos finais, conseguiu consertar vários buracos e levar a organização até seu encerramento sem acidentes graves. Boa parte das obras, no entanto, ficou pelo caminho e se transformou em promessa. O legado para o futebol ainda está por ser visto, já que alguns dos estádios já se ensaiam como elefantes brancos.
George Hilton entra no Ministério do Esporte sob séria desconfiança por não ter nenhuma atuação na área, ser um político sem expressão, e com um histórico complicado. Leva uma vantagem: terá de fazer uma gestão catastrófica para ser pior do que o PCdoB. Mas, como diz o ditado, tudo pode piorar.
PS Após a publicação deste post, o Governo do Distrito Federal enviou uma nota ao blog em que afirma que: "Não se pode condenar a obra do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha como superfaturada já que nenhum órgão de fiscalização tenha efetivamente concluído isso. Ressaltamos que não existe nenhuma denúncia formalizada contra a construção do Mané Garrincha. O que existem são questionamentos, que o GDF vem esclarecendo quando devidamente notificado."
PS 2 O Estádio Mané Garrincha tinha orçamento inicial de cerca de R$ 700 milhões e seu preço final ficou em um valor entre R$ 1,4 bilhão e R$ 1,7 bilhão. Há processos em curso em tribunais de contas sobre a explosão de custos do estádio. O Distrito Federal está sem dinheiro até para pagar a limpeza de hospitais públicos, com riscos de contaminação, por falta de recursos, entre outros problemas do final da gestão de Agnelo Queiroz, que, repita-se, construiu a arena mais cara do Brasil sem que houvesse um time sequer de primeira divisão na cidade.
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