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Rodrigo Mattos

Entenda como Thiago Silva e David Luiz levam prêmio da Fifa apesar do 7 a 1

rodrigomattos

13/01/2015 05h00


A premiação da Fifa de 2014 teve uma surpresa nas escolhas dos brasileiros David Luiz e Thiago Silva como melhores defensores do ano apesar do fracasso da seleção na Copa. A explicação está no sistema de votação da Fifpro (sindicato mundial de jogadores) em que o peso de cada país depende do número de jogadores profissionais, o que aumenta o peso do Brasil na eleição.

Contemos a história por ordem cronológica. A Copa do Mundo ocorreu em junho e julho, e David Luiz estava presente na goleada sofrida por 7 a 1 pelo Brasil diante da Alemanha. Suspenso, Thiago Silva voltou na partida contra a Holanda em que o time apanhou por 3 a 0. Até as quartas-de-final, eram considerados as principais figuras do time ao lado de Neymar.

Em setembro, a Fifpro iniciou a sua votação para os melhores do mundo. Seu desafio era tentar receber os votos de 45 mil filiados por meio de diversos sindicatos pelo globo. O Brasil é o país com maior número de filiados com 13 mil no total, segundo a Fenapaf (Federação Nacional de Atletas Profissionais). De fato, é a nação líder em atletas registrados também pela Fifa.

"Recebemos os formulários e temos um prazo de até 25 dias para devolver os votos. Mandamos tudo por correio e temos que receber de volta por correio. No Brasil, votaram cerca de 1 mil atletas. Isso porque chega em uma fase muito ruim da temporada para nós, no meio", contou o presidente da Fenapaf, Rinaldo Martorelli, que lembra que a dimensão continental do país dificulta.

Ou seja, a adesão no Brasil foi baixa. Mas, no total, votaram cerca de 23 mil atletas no mundo. Isso significa que entre 4% e 5% dos votos foram brasileiros. Como foram jogadores de 58 países que votaram, dá para concluir que o país teve bastante peso no resultado final. Bem mais do que na eleição de Cristiano Ronaldo como melhor do mundo, feita como capitães, técnicos e jornalistas, em proporções iguais por nação.

Na seleção feita pelos jogadores brasileiros, Thiago Silva e David Luiz são os defensores titulares, e ainda há Neymar no ataque, e Marcelo, na lateral-esquerda. Essa eleição segue o corporativismo visto em todas as votações da Fifpro e da Fifa, em que atletas e técnicos costumam privilegiar conterrâneos ou colegas de equipe.

Ao se observar todos os países, a conclusão é que Thiago Silva entraria na seleção de qualquer maneira já que estava entre os melhores de 51 dos 58 países, inclusive boa parte da elite mundial.

Não é o caso de David Luiz que só emplacou em 14 times de melhores de países. E o zagueiro marcado pela goleada do 7 a 1 teve apoio quase só de países não-europeus com a única exceção da Espanha. Seus eleitores foram Argentina, Bolívia, Brasil, Camarões, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Japão, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, além dos espanhóis.

Assim, quem votou no zagueiro brasileiro são os torcedores que estão mais distantes das ligas europeias onde ele joga – claro, sempre há como assisti-lo pela televisão. Na seleção feita pelos jogadores alemães, por exemplo, nem Thiago Silva, nem David Luiz tiveram vez. Já os ingleses, onde David jogava pelo Chelsea até o meio do ano, só incluíram Thiago.

Nem os dois zagueiros brasileiros parecem ter se empolgado com suas premiações já que não foram a festa de melhor do mundo da Fifa, únicos ausentes entre os 11.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.