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Rodrigo Mattos

Ousadia de Palmeiras com contratações exige aumento de receitas

rodrigomattos

17/01/2015 05h00

A mudança de rumo de gestão do presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, com a troca da cautela pela ousadia em contratações, exigirá um aumento de receitas nos próximos anos. Assim, é uma aposta que pode se tornar bem-sucedida ou um risco, analisou o consultor para marketing esportivo Amir Somoggi.

Vamos aos números. O Palmeiras fechou os dois últimos anos da administração de Nobre em déficit: R$ 22,6 milhões em 2013 e R$ 22,7 milhões até novembro de 2014. Suas receitas eram baixas como já mostrado aqui, na casa de R$ 186 milhões após 11 meses, e teriam uma recuperação para 2015 com previsão de R$ 230 milhões.

Com 14 contratações até agora, o clube gastou entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões com aquisições, já que os números oficiais não são revelados. Ainda há salários mais altos a pagar, enquanto o clube era contido em despesas em comparação a rivais como São Paulo e Corinthians. Era o 10o em custo com o futebol, segundo levantamento de Somoggi nas contas de 2013, e ficou R$ 50 milhões abaixo dos corintianos em 2014.

"O marketing está em crise e a economia está com o freio de mão puxado. Essa atitude do clube de contratar pode gerar um aumento de receita", contou Somoggi. "Pode virar um exemplo de sucesso ou um desastre. O Santos era considerado um exemplo e depois virou um desastre."

De fato, logo após a contratação de Dudu, o Palmeiras se tornou líder em crescimento no sócio-torcedor no ano, e atingiu a terceira posição entre os grandes times brasileiros com cerca de 70 mil adeptos. A projeção de Somoggi é de que o sócio-torcedor gere cerca de R$ 30 milhões em 2014, e que isso seja alavancado em 2015.

Um outro trunfo importante são as rendas da Arena Palmeiras. Em dois jogos no final do ano passado, o estádio mostrou ter um bom potencial de arrecadação para o clube. Outra vantagem é não ter as receitas de tv antecipadas, como ocorreu nos primeiros anos da gestão do atual presidente.

Esses itens representam um grande salto, mas não é suficiente ainda se levarmos em conta que o clube se endividou em cerca de R$ 150 milhões com seu presidente Nobre, conta que passará a ser paga neste ano. A dívida total acumulada é de R$ 363 milhões até o final de 2014, segundo o levantamento de Somoggi. Ou seja, é bem superior ao total de receitas. Resta ao Palmeiras aumentar em outros itens.

"O Palmeiras tem que conseguir um efeito no marketing. Tem que estar mais estruturado para isso. Hoje, tem receita baixa nisso", observou Somoggi (o clube está sem patrocinador master na camisa). "Outro possibilidade é o clube se tornar vendedor desses jogadores que adquiriu agora porque esse é um item com baixa arrecadação do clube."

O clube alviverde se mexeu no departamento de futebol, agora, é hora de agir nos outros campos da administração.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.