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Rodrigo Mattos

Paulistas cobram o dobro, e atraem o triplo do público de cariocas

rodrigomattos

02/02/2015 06h00

Abaixar preços de ingressos não é a solução para salvar um campeonato sem atrativos. Pelo menos essa é a lição da primeira rodada dos Estaduais em São Paulo e no Rio de Janeiro após a federação fluminense impor a redução de bilhetes nos seus jogos. Os grandes paulistas cobraram mais do que o dobro e ainda assim atraíram o triplo do público dos grandes cariocas.

A Federação do Estado do Rio de Janeiro determinou ingressos de R$ 20,00 e R$ 40,00 para os jogos de seu campeonato, gerando disputa com Flamengo, Fluminense e os administradores do Maracanã. A Federação Paulista de Futebol tem um valor mínimo de R$ 40,00 no campeonato mais caro do país.

Neste final de semana, os quatro times grandes cariocas, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, conseguiram um público de 23.552 pagantes em seus jogos, com um total de 28.338 consideradas as gratuidade. Ou seja, a média foi de 5.888 pagantes com o valor médio por bilhete de R$ 20,29. A renda total ficou em R$ 476 mil.

Em comparação, em 2014, o quarteto do Rio levou 25.178 torcedores, sendo 18.081 pagantes. Em resumo, houve de fato um crescimento no público de quase um terço.

Só que a comparação com o Paulista é cruel. Corinthians, Palmeiras e Santos cobraram em média um ingresso de R$ 51,00, mais do que o dobro dos cariocas.

Ainda assim, levaram aos seus estádios 59.597 torcedores, uma média de 19.865, mais do que o triplo do que se viu no Rio de Janeiro. Não foi possível obter dados de público e renda de São Paulo e Penapolense, mas o jogo teve casa cheia com bilhetes entre R$ 60,00 e R$ 100,00.

É preciso fazer a ressalva de que o Carioca não teve o Maracanã na primeira rodada – apenas um jogo na capital – enquanto o Paulista contou com a Arena Palmeiras e o Itaquerão. Mas o que os dados mostram é que grandes estádios como casa própria, a presença na Libertadores, e contratações têm muito mais peso na presença de público do que preço de ingresso. Pelo que menos é o que se vê na primeira rodada.

Claro, o número de pessoas que vai aos jogos do Rio tende a aumentar em relação a 2014 com bilhetes mais baixos, o que será flexibilizado para a próxima rodada. O mais importante para atrair o torcedor, no entanto, é oferecer um bom espetáculo.

O Estadual de São Paulo tem limitações técnicas similares aos de outras praças: não pode ser considerada uma competição de primeira linha. Seus grandes times, no entanto, oferecem mais atrações do que os cariocas e por isso levam mais torcida aos estádios. Como consequência, três deles tiveram renda de R$ 3 milhões, mais do que sete vezes do que os cariocas.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.