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Rodrigo Mattos

COI troca chuta no traseiro da Fifa por diálogo na Olimpíada

rodrigomattos

01/03/2015 06h00

A comparação de efeitos positivos e negativos da Olimpíada e da Copa será uma tarefa para o final de 2016. O que já é possível constatar é uma diferença da atitude do COI (Comitê Olímpico Internacional) em relação ao Brasil em paralelo com o que fazia a Fifa por aqui. Os cartolas olímpicos trocaram o chute no traseiro do todo-poderoso do Mundial, Jérôme Valcke, por uma tentativa de diálogo com os segmentos da sociedade nacional.

Vamos aos fatos. Primeiro, o Rio de Janeiro está igualmente com calendário bastante apertado para conclusão de obras e promessas olímpicas, assim como a Copa. A visita do COI nesta semana deixou claro que, pelo andamento atual, há a possibilidade de se ver preparativos de última hora como ocorreu no Itaquerão antes da abertura do Mundial.

O presidente do COI, Thomas Bach, afirmou que espera apertar as mãos dos operários quando chegar para abertura. Foi rebatido pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que prometeu concluir tudo antes. Criou uma aposta e sorriu. Até o vice do comitê, Jonh Coates, que chamou o Rio de pior preparação de todos os tempos, deu uma maneirada e agora vê progressos.

Até o final do Mundial, Valcke deixou claro que tudo seria no último minuto, e mostrava irritação a cada entrevista, mesmo que tenha evitado novos chutes no traseiro perto da Copa.

A intransigência da Fifa em relação aos projetos para estádio era outra característica. A entidade mandou autoridades públicas mudarem desenhos inteiros de arenas para acomodar suas placas de patrocinadores, entre outras medidas custosas. Ainda que de forma tímida, o COI reduz alguns projetos baseado em sua agenda 2020, que prevê Olimpíadas mais baratas.

Mais importante do que isso, é a abertura do comitê para o diálogo. Neste sábado, o hotel do comitê foi invadido por manifestadntes contra obras do campo de golfe olímpico. Eram cerca de 15 pessoas.

Foram recebidos pelo diretor de comunicação do COI. Em seguida, Bach desceu à porta do hotel para conversar com integrantes do projeto. Eles não quiseram diálogo e o hostilizaram. Antes, o cartola foi debater com estudantes.

Para ser justo, a Fifa marcou reuniões com comitês contra a Copa. Nenhuma das que ocorreram teve a presença de seus altos dirigentes. O presidente da entidade, Joseph Blatter, andava pelo Rio de Janeiro cercado por até sete carros de policiais e seguranças. Seu séquito o mantinha o mais longe possível de qualquer contato popular a ponto de haver barricadas nas portas de seus hotéis.

Não se afirma aqui que o COI é um enorme benfeitor do Brasil, e que a Olimpíada será um primor de legado para o Rio de Janeiro como discursos de políticos nos querem fazer crer. Há promessas como a limpeza da Baía de Guanabara claramente inviáveis. Mas, de fato, há por parte dos cartolas olímpicos uma intenção de entender os problemas da cidade e do país, e conversar com os segmentos envolvidos, para buscar soluções. Muito mais do que se podia dizer da Fifa.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.