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Rodrigo Mattos

Clássicos nos Estaduais têm público 29% menor do que no Brasileiro

rodrigomattos

09/03/2015 06h00

Mais uma sinal do desinteresse do torcedor pelos Estaduais é que nem os clássicos são capazes de atrair públicos consideráveis em comparação com campeonatos mais importantes como o Brasileiro. Neste final de semana, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo tiveram confrontos entre rivais, mas apenas o Mineirão recebeu mais de 30 mil pessoas. E não são exceções.

Até agora, foram oito clássicos nas competições estaduais mais importantes, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. A média de público foi de 24.253 pessoas, em partidas que atraíram pouco menos de 200 mil pessoas. No passado, apenas dois grandes jogos regionais eram capazes de levar essa quantidade de gente.

Há uma grande diferença se esse número for comparado com exatamente os mesmos jogos, com mandantes iguais, no Brasileiro-2014 – para Vasco e Fluminense foi usado 2013 visto que não se enfrentaram no Nacional do ano passado. Bem, a média de público dessas partidas foi de 31.275 pessoas, com um total de 250 mil pagantes. A vantagem é de 29%.

Um torcedor pode argumentar que houve cenários diferentes em determinados jogos como estádios maiores ou menores, ou melhor fase de um time ou de outro, o afeta a quantidade do público. É verdade. Só que esse efeito tende a se anular com a análise de oito jogos.

Por exemplo, o público de Santos e São Paulo foi bem maior no Brasileiro (33 mil) porque o jogo foi em Cuiabá, onde o estádio é maior do que a Vila Belmiro. Mas o mesmo São Paulo jogou como mandante contra o Corinthians na Arena Barueri no Nacional, bem menor do que o Morumbi usado no Estadual. Já o Palmeiras enfrentou os corintianos no Pacaembu, que atraía menos público do que sua nova casa.

Consideradas todas as partidas, os clássicos do Brasileiros foram até mais prejudicados por causa da Copa-2014. Ou seja, a diferença poderia ser ainda maior.

Outro argumento a favor dos Estaduais é que clássicos em finais atrairão maior público do que na atual fase de classificação. É fato. Mas, se houver um jogo decisivo nos pontos corridos do Brasileiro, esse efeito é ainda maior.

Basta ver como Cruzeiro e Atlético-MG, em grande fase, atraíram quase 50 mil  pessoas ao Mineirão. E, mesmo confrontos de meio de tabela, podem atrair grandes públicos. Analisados os números, fica claro que a tão falada rivalidade regional vive muito mais no Nacional do que nos Estaduais.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.