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Rodrigo Mattos

Brasil terá de repetir China para atingir meta de medalha no Rio-2016

rodrigomattos

04/04/2015 06h00

O Brasil terá de repetir o crescimento da China como país-sede para atingir a sua meta de medalhas na Olimpíada do Rio-2016. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) reconhece que o objetivo é bastante duro, mas possível de ser alcançado. Para isso, aposta em cerca de 150 atletas, visto que 300 devem ir aos Jogos sem chance de pódio.

Vamos aos fatos. O COB e o Ministério do Esporte definiram que sua meta é chegar entre os 10 primeiros da Olimpíada em total de medalhas. Para isso, será necessário entre 27 e 28 pódios, na avaliação do comitê. Isso representaria um crescimento de 59% em relação aos 17 obtidos em Londres-2012.

Analisando os últimos 20 anos olímpicos, apenas um país-sede conseguiu um salto similar: a China em Pequim-2008. O país asiático cresceu exatos 59% ao cravar 100 pódios em casa, diante dos 63 dos Jogos anteriores – acabou líder em ouros.

Exemplos de sucesso, Austrália em 2000 e Inglaterra em 2012 ficaram com percentuais menores de melhoria: 41% e 38%, respectivamente. Antes de 20 anos, Espanha e Coréia do Sul tiveram crescimentos bem maiores, mas os Jogos eram menos disputados naquela época.

"Acho que a tarefa é sempre dura. Quando é traçada a meta, não pode ser muito fácil, e não pode ser impossível porque não motiva ninguém a trabalhar dos dois jeitos. Nossa meta é a soma do que cada confederação pode fazer. Ela não foi olhada percentualmente. É dura, mas é factível", contou o diretor-executivo do COB, Marcus Vinícius Freire.

Ele disse que estudou todos os números de crescimento percentual dos países-sede em medalhas. Mas acha complicado fazer a comparação entre cada um dos afitriões por causa das diferenças de circunstâncias. Por exemplo, admitiu que, como já estavam um patamar alto, a China tinha uma tarefa mais difícil do que o Brasil.

"Quanto pior o seu passado, maior vai ser a curva de crescimento. Se tem uma medalha, pode ganhar três e dizer ganhei três vezes mais. É mais simples crescer. Rússia, Inglaterra, EUA e China têm mais dificuldade. O crescimento proporcional é sempre maior para quem começa lá embaixo", analisou.

Ao mesmo tempo, Freire ressaltou que o Brasil terá uma dificuldade que os chineses não tinham: a maior democracia na distribuição de medalhas atual em relação ao passado. Explica-se: um maior número de países começou a chegar ao pódio, o que pulverizou a disputa. Por isso, admitiu que o COB pode até atingir o top 10 com entre 24 e 25 pódios se houver grande equilíbrio.

Na briga para chegar ao pódio, o Brasil deve contar mesmo com cerca de 150 atletas dos 450 previstos para delegação. Isso inclui os esportes coletivos. Os outros 300 devem chegar sem chance de ficarem entre os três primeiros, apenas com o objetivo de melhorar sua perfomance.

"No nosso caso, vamos ter mais de 400 atletas. Muitas vezes o resultado não será só a medalha, já que buscamos 27, 28. Cerca de 300 atletas vão aos Jogos para ter a maior performance. Outros 150 vão brigar por pódio. Peço a vocês da imprensa que repassem ao público essa informação para entenderem o contexto", analisou Freire.

Para o executivo do COB, apesar do tamanho do Brasil, os resultados têm melhorado conforme aumenta o investimento. Ele entende que Pequim-2008 foi o primeiro ano em que houve o impacto do dinheiro público aplicado pela Lei Piva, e em Londres-2012, houve o efeito da lei de incentivo. E admitiu que o salto de valores para a Rio-2016 chegou um pouco tarde.

"Temos vários marcos, 2016 é o auge de mais de uma década de trabalho. As instituições esportivas se profissionalizem. Não acho que vai cair o investimento depois. Estamos chegando a um patamar de top 10, desssas 18 nações. Faço esse estudo. Os valores de investimentos são daí para cima. E temos que olhar para todos os níveis, inclusive o educacional", encerrou.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.