Topo

Rodrigo Mattos

Arbitragem da Ferj mancha Estadual do Rio, e a censura não vai resolver

rodrigomattos

06/04/2015 06h00

Os questionamentos ao nível técnico e à organização do Estadual do Rio têm crescido ano a ano e chegam ao seu auge com a briga da Ferj (Federação do Estado do Rio de Janeiro) com a dupla Fla-Flu, cujos jogadores protestaram no clássico. Juntamente com isso, a credibilidade é manchada a cada edição por arbitragens que interferem nos resultados finais da competição. E isso voltou a ocorrer neste domingo.

A expulsão do atacante Fred, do Fluminense, por uma falta sofrida por ele, foi de fato absurda. Pode se argumentar que o jogo já se desenhava favorável ao Flamengo. Mas, além do clássico, o centroavante ficou de fora do jogo decisivo do tricolor contra o Madureira na sua luta para a classificação.

Em paralelo, o Vasco teve três pênaltis a seu favor no jogo contra o Friburguense, todos bem duvidosos na minha forma de ver. Com esses, a equipe cruzamaltina -de Eurico Miranda, aliado do presidente da Ferj, Rubens Lopes-, acumula seis penalidades em 14 rodadas. Desses, apenas uma foi inquestionável.

Não se diz aqui que os vascaínos são sempre favorecidos. Houve um penalidade em seu favor ignorada na partida contra o Fluminense. E o penal legítimo para o Flamengo no clássico foi assinalado.

A questão é que fatos como da última rodada já colocam em dúvida para o público a lisura do Estadual. Fred diz que "estão querendo acabar com o campeonato". Foi apoiado pelo presidente tricolor Peter Siemsen. E suas palavras têm eco nas ruas. É só ir a qualquer boteco que há uma discussão sobre possível favorecimento ao Vasco na competição.

Um dano a imagem da competição que já se viu no ano passado quando a arbitragem cometeu um erro absurdo ao validar o gol ilegal de Márcio Araújo para o Flamengo, e mudar o rumo do título no último minuto. Então, o Vasco foi a vítima.

A Ferj não paga pouco a seus árbitros: suas cotas estão entre as maiores do Brasil e destinadas a uma cooperativa, em vez de diretamente aos juízes. É hora da entidade dar uma explicação sobre a péssima qualidade de seus árbitros e o critério, por exemplo, para bolas na mão. Foram três pênaltis em favor do Vasco desta forma, mesma polêmica gerada no Brasileiro-2014.

Em patamar bem baixo ainda, o público do Estadual-2015 teve leve melhora em relação ao ano passado, como tanto exalta a Ferj – houve pelo menos três clássicos com mais de 40 mil, protagonizados pelo Flamengo. Se a entidade quer manter a atenção dessas pessoas na competição, é hora de começar a dar explicações e tomar providências sobre seus erros em vez de tentar calar os outros.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.