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Rodrigo Mattos

Diante do Botafogo, Vasco tenta retomar papel de protagonista no Rio

rodrigomattos

03/05/2015 06h00

Ao se observar a história do futebol carioca, é fácil constatar que o Vasco teve superioridade sobre o Botafogo por mais de 30 anos, dos anos 70 ao início da década passada. Só que isso se inverteu nos últimos dez anos: o time de General Severiano tem tido desempenho melhor do que o rival em campo. A final do Estadual pode representar uma inversão desses papéis.

Vamos aos dados. O Vasco não ganhou nenhum título Estadual nos últimos 11 anos. Na verdade, só conseguiu chegar a uma final em uma década. Sim, a equipe vascaína obteve uma taça da Copa do Brasil no período. Mas sofreu com dois rebaixamentos no Brasileiro.

O Botafogo ganhou três Estaduais,  e ainda disputou outras quatro decisões. Assim, era o principal rival no Estado do Flamengo, que ganhou cinco taças no período. No Brasileiro, manteve-se na Série A até 2014 e obteve uma classificação à Libertadores, com o direito a Seedorf em campo. Foi no ano passado, com o rebaixamento, que essa fase positiva se encerrou.

Se observamos os 35 anos anteriores a 2005, no entanto, era uma realidade bem diferente. O Vasco ganhou mais Estaduais do que o Botafogo em todas as décadas, e acumulou quatro Brasileiros contra um do rival, além de uma Libertadores. Era o time cruzmaltino que disputava o topo do Rio com o Flamengo.

Está claro agora que esse crescimento esportivo do Botafogo foi baseado em uma gastança que não se sustentava. Tanto que a nova diretoria botafoguense revelou em seu balanço uma dívida de R$ 848 milhões, a maior entre todos os grandes clubes brasileiros. O ex-presidente Maurício Assumpção montou times acima das possibilidades alvinegras.

Um cenário similar, aliás, ao que o Vasco enfrentou quando acabou o dinheiro ainda no primeiro período com Eurico Miranda como presidente. Após o título do Brasileiro de 2000, com o time milionário de Romário, Juninho Pernambucano e Juninho Paulista, a CPI do Futebol revelou a gastança indevida do dirigente. Sem recursos, sobraram as dívidas – até hoje paga a Romário.

Neste cenário, o clube teve que enfrentar uma penúria que o deixou atrás de todos os três rivais neste período de mais de dez anos. Atualmente, a situação financeira vascaína não é muito melhor do que a botaguense, com um débito de R$ 597 milhões, fora a falta de confiabilidade dos dados do relatório do clube. Sua receita de R$ 129 milhões em 2014 é ainda menor do que a do Botafogo.

Com esses problemas, dificilmente um dos dois clubes voltará a ser protagonista no cenário nacional em um futuro próximo. O Botafogo está na Série B, e o Vasco tem um time valente e bem armado, mas insuficiente tecnicamente para brigar por título na Série A. A animação de sua torcida que lotará o Maracanã pode levá-lo a retomar seu papel perdido dentro do Rio. É um primeiro passo.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.