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Rodrigo Mattos

Vasco quebra jejum no Estadual com a cara de Doriva, não de Eurico

rodrigomattos

03/05/2015 18h03

Não faltará quem atribua, seja entre vascaínos ou entre rivais, o título do Vasco à volta de Eurico Miranda. É um erro, no entanto, ignorar os méritos do técnico Doriva ao armar uma defesa consistente com limitados recursos que lhe foram dados. Talvez seja esse o principal mérito do time vascaíno neste título Estadual após 12 anos.

Ao assumir, Eurico só tinha recursos para montar um time barato com um técnico sem nome. E recorreu a Doriva, que tinha feito trabalho interessante com a conquista do título paulista pelo Ituano. Mostrou saber montar uma defesa.

E isso se repetiu no Vasco. Ao goleiro de bom nível que tinha, Martín Silva, juntou dois zagueiros Rodrigo e Luan que se encaixaram, protegidos pelos volantes Serginho e Guiñazu. Não havia muita qualidade ofensiva, mas ficou difícil fazer gol no Vasco. Foi apenas um em quatro jogos decisivos.

Não foi diferente na final quando o time soube conter o ímpeto inicial do Botafogo. Eram aqueles 15min que o time alvinegro consegue correr muito até perder o fôlego. E os vascaínos passaram a desenvolver seu toque de bola e dominar o rival.

Aí se revela o defeito deste time cruzmaltino: lhe faltam jogadores capazes de inventar, furar defesas. Para chegar ao seu gol, foi preciso recorrer à força da marcação. Gilberto pressionou Marcelo Mattos, e Guiñazu serviu Rafael Silva para fazer seu segundo gol decisivo.

A tarefa do Botafogo para o segundo tempo era duríssima: fazer dois gols nesta bem montada defesa. Com substituições, o time de General Severiano tentou imprimir velocidade, e até mostrou mais fôlego do que em partidas anteriores. E empatou com Diego Jardel em jogada no meio da defesa vascaína, um fato raro. Só que Gilberto, o melhor atacante do time carioca, confirmou a taça.

Haverá questionamentos sobre os oito pênaltis marcados em favor do Vasco no Estadual. Mas, se não houvesse um time bem armado, com méritos defensivos apesar de suas limitações, não adianta ter penalidades a favor que a taça não será obtida.

Na arquibancada vascaína, o que se via era uma frase "o respeito voltou" em alusão ao que repete Eurico Miranda. Muito mais justa foi a homenagem dos torcedores ao gritar o nome de Doriva após a conquista confirmada.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.