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Rodrigo Mattos

Ficou barato para o Boca. Mas eliminação é um avanço da Conmebol

rodrigomattos

17/05/2015 06h00

Eliminar o Boca Juniors de um Libertadores por violência em seu campo não é uma medida comum: é um fato raro sem precedentes na história da Conmebol. Então, é um avanço que o tribunal da entidade tenha tirado o time após os fatos lamentáveis na partida contra o River Plate.

Ressalte-se que a punição deveria ser mais dura. Serão apenas quatro jogos com os portões fechados na Bombonera. Diante da violência contra atletas do River, o estádio deveria ficar fechado por muito mais tempo até que provasse a sua segurança.

Só que não dá para ignorar o avanço quando comparamos o que fez a mesma Conmebol quando um torcedor corintiano matou um garoto boliviano em Oruro, em jogo como visitante. O time brasileiro continuou jogando a competição, apenas impedido de atuar diante de sua torcida e tê-la como visitante posteriormente.

A argumentação de que o Corinthians não era mandante, como o Boca Juniors, é válida e torna o caso do time brasileiro menos grave do que as agressões da torcida argentina na Bombonera. Claro, isso se pensarmos sob o ponto de vista do código disciplinar, já que uma morte é pior do que agressões.

A questão é que, pelo código disciplinar da Conmebol, da Fifa, da Justiça brasileira, os clubes respondem pelos atos de seus torcedores. E isso era quase sempre ignorado em uma entidade que deixa torcedores tacarem pedras em visitantes como rotina. Talvez, seja um ponto de virada como ocorreu na Europa há 30 anos.

Há quem argumente que os clubes não devem responder por seus torcedores. Mas, na Europa, foi quando os clubes ingleses foram punidos com a exclusão por cinco anos de competições europeias após a tragédia de Heysel – com 39 mortes – que se começou a olhar com atenção para o holliganismo local.

É certo que depois disso houve ainda mais mortes em estádios ingleses até que se fizesse uma revolução na segurança do futebol do país. A punição a clubes não é uma medida que isolada vá resolver o problema da violência.

Mas é um primeiro passo para mostrar aos torcedores o quão graves são esses fatos, e como seus clubes podem ser prejudicados. É esse tipo de mensagem que transmite a queda do Boca.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.