Bem-sucedido nas finanças, Fla tem gestão ineficiente no futebol
Não há dúvidas sobre os méritos da diretoria do Flamengo em relação à redução da dívida, ao aumento de receitas, à parte administrativa em geral. Mas os números mostram que essa gestão tem sido ineficiente no futebol. Aqui não há uma defesa de que se aumente gastos: o controle das contas é corretíssimo. A questão é que os resultados estão abaixo do investimento realizado.
Ao final desta terceira rodada do Brasileiro, o time acabou no 17o lugar, na zona do rebaixamento. Uma equipe que, segundo o vice-presidente de futebol, Alexandre Wrobel, tem a 7a ou 8a folha salarial do país. Ok, temos apenas três rodadas.
Então, vamos estender a análise a outros Nacionais. Claro, tem que se ressaltar que essa diretoria ganhou uma Copa do Brasil, em 2013, e o Estadual, em 2014. Mas é nos pontos corridos que se mede a eficiência dos gastos em um time – esse tipo de comparação entre invetimentos e resultados é comum nas ligas europeias.
Pois bem, estudo de Amir Somoggi mostra que o departamento de futebol do Flamengo custava R$ 180 milhões em 2013, o quarto mais caro. Esse número não pode ser tomado como absoluto: uma parte do dinheiro era gasto com dívida de gestões anteriores com ex-jogadores.
Então, certamente, o clube não tinha a quarta folha do país, mas deveria estar entre as dez primeiras com atletas como Elias, Carlos Eduardo, Chicão, etc. O time ficou em 11o no Brasileiro com 49 pontos – não se considerar aqui a perda de pontos com o caso Andrés Santos. Esteve ameaçado pela degola em algumas rodadas.
No ano seguinte, o Flamengo manteve a posição: foi o 11o colocado. Seu custo de futebol era o 7o do país, segundo o mesmo Somoggi. Ainda havia passivos do futebol, mas em menor proporção. O clube continua a estar entre as 10 maiores folhas salariais, mas sem estar na primeira parte da tabela.
Feitas as contas dos três anos de gestão, o Flamengo fez 102 pontos em 79 jogos: 43% da pontuação possível. Com esse tipo de desempenho, acabaria o Brasileiro entre a 12a e a 10a posição. Comparado com os números financeiros, fica claro que o time rende no Nacional abaixo do seu custo. O Atlético-PR, por exemplo, tem orçamento menor e sempre esteve à frente dos cariocas.
Não se discute aqui quais são os erros da gestão no futebol rubro-negros. Atualmente, há críticas dentro da própria diretoria do Flamengo que apontam desde a falta de cobrança a Vanderlei Luxemburgo a contratações equivocadas. Fato é que a leitura fria dos números mostra uma gestão esportiva ineficiente no clube.
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