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Rodrigo Mattos

Clubes revivem seus rachas ao retomarem poder sobre Brasileiro

rodrigomattos

09/06/2015 06h00

Ao prometer o poder sobre o Brasileiro aos clubes, após 12 anos, a CBF expôs o racha existente entre os cartolas dos times que inviabiliza qualquer movimento de união. Ressurgem discussões entre eles que já duram mais de 20 anos sobre pontos corridos e mata-mata, cotas de tv e ligas.

A confederação sempre teve o poder pelo seu estatuto de definir o formato do Nacional. Mas havia um Conselho Técnico dos times de primeira divisão que decidia, de fato, a fórmula até 2004. Então, o ex-presidente Ricardo Teixeira passou a ignorar os clubes e impôs a manutenção dos pontos corridos.

Mais de dez anos depois, as agremiações recuperam o direito anterior em meio à crise enfrentava pelo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. O presidente do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia, sugeriu a criação da liga de times em reunião na confederação. A maioria dos dirigentes, no entanto, não viu clima para liga. "Foi muito superficial", disse João Humberto Martorelli, do Sport. Petraglia saiu em silêncio.

Outra divisão é entre aqueles que defendem a volta do mata-mata, grupo que estava enfraquecido até agora, e os que querem a permanência dos pontos corridos. Grêmio e Vasco lideravam o movimento pela mudança de fórmula.

O presidente vascaíno, Eurico Miranda, ainda quis esticar a corda das funções do Conselho Técnico. Para ele, o encaminhamento natural é uma discussão de cotas de televisão dentro do grupo. "Não existe. É só nisso que eles pensam", ironizou o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello.

Enquanto debatem esses temas, os clubes deixam para o futuro discussões sobre maior participação de fato das agremiações no poder da CBF. Será feita reforma ampla no estatuto, na quinta-fera, na qual só atuam federações. Hoje, as agremiações são minoritárias na eleição em relação às federações, e não participam da decisão sobre mudanças de estatuto.

"Acho que deveríamos ter maior participação. Vai acontecer no futuro", disse esperançoso Modesto Roma Jr, do Santos. "Será uma evolução natural", analisou Bandeira de Mello.

O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, prometeu que a atuação clubes na entidade crescerá ainda mais com o tempo. Mas disse que nem a inclusão de clubes da Série B na eleição nem aumento do número de votantes foram discutidos.

A confederação já vinha falando em deixar os clubes definirem a fórmula do Brasileiro na atual gestão. Tomou a decisão em um momento em que seu presidente Del Nero é pressionado por investigações norte-americanas que levaram à prisão de seu vice José Maria Marin.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.