Odebrecht quer isolar Maracanã e Itaquerão do efeito da prisão de seu dono
A prisão do dono da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, pode ter efeitos sobre os negócios de futebol, particularmente o Maracanã e a Arena Corinthians. Essas operações podem ser afetadas se a empresa for proibida de realizar contratos públicos ou tiver um abalo financeiro. Já existe uma estratégia da empreiteira, no entanto, de isolar os empreendimentos, assim como outros, do escândalo.
A argumentação da empresa, primeiro, é que os quatro estádios da Copa-2014 (Maracanã, Arena Corinthians, Fonte Nova e Arena Pernambuco) são negócios da Odebrecht Participações (OPI). É a holding, diferentemente da Odebrecht Infraestrutura, que fazia negócios com a Petrobras e é acusada de corrupção em concorrências da estatal. Trata-se, obviamente, do mesmo grupo.
O juiz federal Sério Moro, que ordenou a prisão, sugeriu que os contratos das empresas com o poder público fossem suspensos. O governo do Estado do Rio e a Odebrecht estão finalizando a revisão da concessão do Maracanã. Houve um pedido de reequilíbrio do contrato pelo qual a empreiteira reduziu a um quinto seu investimento – deve ficar em R$ 130 milhões – depois da manutenção do Célio de Barros e do Parque Julio Delamare.
O blog apurou que a empreiteira já esperava ter assinado o novo contrato que manterá o estádio por 27 anos em suas mãos. A expectativa é de uma assinatura em breve. A assessoria da Casa Civil do Rio informou que não teria nada a se pronunciar sobre a detenção.
No caso corintiano, a Odebrecht é a tomadora de empréstimos no valor de R$ 1,150 bilhão com bancos para a construção da Arena Corinthians. Uma parte desse dinheiro veio por meio do BNDES, e outro por bancos como Santander, e a Caixa Econômica. O clube deve cerca entre R$ 750 milhões e R$ 800 milhões à empreiteira, e só começa a pagar agora.
A Odebrecht não vê abalo financeiro na operação, e não pretende vender nenhum dos seus ativos financeiros, segundo apurou o blog. Mas, se a capacidade de pagamento da empreiteira for afetada, haverá efeito imediato no estádio corintiano já que o clube não tem como cobrir esse rombo, nem dar garantias. Por meio de sua assessoria, o dirigente corintiano Andrés Sanchez disse que "não há interferência" no estádio.
Entre os detidos nesta sexta-feira, estava o diretor de Relações Institucionais da empreiteira, Alencar Alexandrino. Em seu livro "O mais louco do bando", o deputado federal Andrés Sanchez ressaltou a importante dele na negociação para viabilizar o estádio. Alexandrino é próximo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva com quem fez viagens internacionais.
Já a Andrade Gutierrez, que também teve seu presidente preso, é a empreiteira parceria do Internacional na construção do Beira-Rio. Por meio de uma empresa, Brio, é responsável pela comercialização dos lugares Vips, dinheiro que seria usado para pagar a obra. Esse negócio já não vem rendendo o esperado, e agora a construtora pode sofrer um abalo financeiro.
Um exemplo dos potenciais efeitos sobre a Odebrecht e a Andrade Gutierrez foi o que aconteceu com a OAS. Construtora da Arena Grêmio, Arena das Dunas e da Fonte Nova, a empresa teve que vender seus ativos por entrar em recuperação judicial após prisão de seus executivos e bloqueios das contas. Ressalte-se que as duas construtoras são maiores do que a OAS.
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