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Rodrigo Mattos

Após um ano, seleção não evoluiu nada em relação ao vexame da Copa

rodrigomattos

27/06/2015 21h19

O Brasil não foi eliminado por um segundo tempo ruim diante do Paraguai: não jogou nenhuma partida realmente boa em toda a Copa América. Não há jogadores prontos em número suficiente, não há nenhuma ideia criativa por parte do técnico, não há nenhuma moral na cúpula da CBF para cobrar qualquer coisa. Estamos no mesmo patamar de quando fomos eliminados da Copa-2014.

Dunga assumiu um time que havia tomado 7 a 1 no Mundial para uma Alemanha dinâmica com troca de posições e um toque de bola. Em todos os seus vitoriosos amistosos, armou uma equipe quadrada que só sabe jogar no contra-ataque.

Foi assim que entrou na Copa América. Enquanto contava com Neymar, achou uns lances para passar pelo Peru, e capengou diante da Colômbia. Os colombianos, lembre-se, foram batidos pelo time fracassado de Felipão. Diante da Venezuela, passou raspando por um adversário fraco.

Ao contrário do discurso ufanista, não dominou o Paraguai no primeiro tempo. Teve quase o mesmo número de lances de gol, mas saiu em vantagem em uma boa jogada coletiva, e pela simplicidade de jogo de Robinho. Era pouco. Mas nos contentamos cada vez com menos quando se trata de futebol brasileiro.

Após o intervalo, foi pior ainda: o time paraguaio dominava o Brasil e era mais presente no campo ofensivo. Dunga sempre gostou de jogar no contra-ataque. Se botar ele para enfrentar o Bambala, aquele do Felipão, é capaz de mandar o time marcar atrás e sair em velocidade. E lá a seleção ficou confortável atrás à espera do adversário.

Sofreu o gol em um erro infantil de Thiago Silva ao botar a mão na bola na área. Mas poderia ter levado em qualquer outra jogada pois chamava o rival para sua área. Nos pênaltis, Douglas Costa mandou a bola nos ares e Dunga fez uma cara de decepção como a de Baggio em 1994. Só que naquele ano a isolada consagrou o atual técnico, esta de agora o complica.

Viroses e desfalques não são o suficientes para explicar um futebol do nível apresentado pela seleção. Independentemente da vitória ou da derrota,  o problema da seleção é a falta de perspectiva de evoluir do futebol mesquinho que apresenta atualmente.

Ainda mais se pensarmos que Dunga foi escolhido por dois dirigentes que comprovadamente levaram propinas na CBF: José Maria Marin e Ricardo Teixeira. O atual homem-forte Marco Polo Del Nero sempre foi aliado deles. Qual o critério na condução da seleção dá para esperar deles? Qual evolução há no cenário do time?

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.