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Rodrigo Mattos

Cartolas e parceiros do COI ficam com 20% dos ingressos da Rio-2016

rodrigomattos

06/08/2015 06h00

Com Vinícius Konchinski

O Comitê Organizador da Rio-2016 e o COI (Comitê Olímpico Internacional) destinaram 20% dos ingressos da Olimpíada para seus parceiros, cartolas e patrocinadores. Esse total não poderá ser negociado com o público em geral. É fatia similar ao que foi separado na Olimpíada de Londres-2012.

Nesta quarta-feira, no festejo de um ano para os Jogos, o Rio-2016 anunciou que metade dos 7,5 milhões de ingressos tinha sido vendida. Para o torcedor comum, no entanto, foram negociados entre 2,2 milhões e 2,3 milhões.

O restante composto por cerca de 1,5 milhão foi entregue a "parceiros internacionais". Na prática, isso inclui a família olímpica (cartolas, técnicos, atletas e seus convidados), patrocinadores, parceiros locais, comitês olímpicos nacionais, mídia e pacotes de hospitalidade. Esses grupos têm que pagar pelas entradas, com exceção de esportistas, treinadores, jornalistas e alguns agregados do COI.

O manual técnico de ingressos de Londres-2012 destinou exatamente a fatia de 20% dos bilhetes para esses parceiros. Eram 9% para comitês olímpicos, 3,3% para patrocinadores, 2,9% para a família olímpica, etc. Uma parte dessas entradas foi adquirida e nunca usada, o que gerou um buraco em arquibancadas em eventos com ingressos esgotados.

Os lugares vazios causaram revolta no público inglês, e o COI teve que se virar colocando soldados para preencher lugares. Uma parte dessa carga foi, posteriormente, entregue para ser negociada com o público. Agora, a Rio-2016 garantiu ter um sistema eficiente para devolução desses bilhetes caso não sejam utilizados.

Houve ainda escândalo de revenda no mercado negro de ingressos que pertenciam a comitês olímpicos nacionais. Algo similar ao que aconteceu na Copa-2014 com bilhetes ligados a cartolas da Fifa. O COI promete reprimir esse comércio ilegal.

No Rio, o contrato de cidade-sede -assinado entre COI, prefeitura e o comitê organizador -, dá ao movimento olímpico total poder sobre o sistema de distribuição de ingressos, cuja operação é feita pelos organizadores locais. Como em edições anteriores, o comitê internacional tem a prerrogativa de escolher lugares nos melhores eventos, e descontar os pagamentos a serem feitos pelos ingressos de repasses que faz à Rio-2016.

Os Jogos do Rio até agora têm uma venda de ingressos abaixo da expectativa do COI. Mas eventos mais disputados -como finais de atletismo, natação, futebol, abertura – tiveram forte procura e sorteios nas primeiras fases de ingressos. É justamente a essas competições que os parceiros e cartolas do comitê internacional têm acesso privilegiado.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.