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Rodrigo Mattos

Fla virou máquina de moer técnico sem lógica, nem método

rodrigomattos

20/08/2015 13h05

A diretoria do Flamengo é a mais lúcida na hora de lidar com a administração do clube, suas finanças. Quando se trata do futebol, no entanto, os mesmos cartolas agem ao sabor do vento e das pressões. Assim, o clube se tornou uma máquina de demitir e contratar treinadores em meses.

Cristóvão Borges foi o sétimo técnico da gestão de Eduardo Bandeira de Mello que completará três anos ao final de 2015. Sua diretoria encaminha-se para contratar o oitavo, provavelmente Oswaldo de Oliveira que já era desejado antes.

No domingo, a avaliação da diretoria do Flamengo era de que Cristóvão fazia um bom trabalho e o time evoluía, apesar da derrota para o Palmeiras. Na quinta-feira, após uma derrota para o rival Vasco, em que o time foi extremamente mal e andou para trás, os dirigentes acertam a saída do treinador.

Está claro que a pressão da torcida, que hostilizava Cristóvão em quase todo jogo em casa, foi determinante para essa decisão. A torcida do Flamengo, que tanto ajuda a empurrar o time para vitórias, é impaciente com qualquer treinador no clube. Irritada com a longa má fase, exige resultados imediatos em times que estão em montagem.

Cristóvão teve um trabalho só razoável no Flamengo. Pegou um time destroçado por Vanderlei Luxemburgo e com elenco limitado, e somou mais derrotas do que vitórias em 18 partidas. Tirou o time da zona de rebaixamento, mas não avançou.

Quando passou a ter seus principais jogadores, Emerson Sheik, Guerrero, Allan Patrick, a equipe melhorava e desenvolvia bom futebol ofensivo. Mas falhava bastante na armação da defesa, uma das mais vazadas do Brasileiro por estar sempre exposta. Seus zagueiros não ajudam. Foi na média, não fez milagre. E isso é imperdoável atualmente no Flamengo.

O ponto central nem é a qualidade de Cristóvão. É que ele foi contratado mais como uma aposta, uma tentativa e erro, do que em uma decisão racional. E o mesmo ocorreu com a maioria dos outros, e deve ocorrer agora. O próximo treinador terá 19 jogos no Brasileiro até o final do ano, um pouco mais do que Cristóvão.

Nada indica que a diretoria do Flamengo vai mudar essa metodologia, ou a falta dela. Enfim, sempre há a chance de acertar por acaso…

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.