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Rodrigo Mattos

Prefeitura do Rio exagera participação privada nas contas olímpicas

rodrigomattos

22/08/2015 06h00

Com Vinícius Konchinski

A prefeitura do Rio vangloria-se de que a maior parte dos recursos para a Olimpíada é privada. Só que o município cede direitos ou terrenos às empresas em troca do investimento (por meio de PPPs) e isso não é contabilizado no orçamento olímpico. O prefeito carioca, Eduardo Paes, defende esse critério e rechaça que a conta esteja incorreta.

No orçamento divulgado nesta sexta-feira, a APO (Autoridade Pública Olímpica) informou que são 64% de recursos privados, e 36% públicos no total de R$ 38,7 bilhões investido na Rio-2016. Há uma expectativa de que o investimento público cresça, mas não deve ultrapassar metade do total.

A questão é o critério para as contas. Isso pode ser observado na obra mais emblemática dos Jogos: o Parque Olímpico. Na PPP (Parceria Público Privada), a iniciativa privada (consórcio Carvalho Hosken, Odebrecht e Andrade Gutierrez) entrar com R$ 1,150 bilhão, e a prefeitura, R$ 528 milhões. Os desembolsos do município são feitos por 15 anos.

Esse dinheiro é dado em troca de um terreno de 800 mil metros quadrados em uma das áreas mais valorizadas da zona oeste. O valor desse terreno não é contabilizado no percentual do orçamento olímpico.

"Tem que saber se você quer uma economia estatal como a Coréia do Norte ou como a Inglaterra com participação privada. Claro que a empresa não dá nada de graça. Estamos dando o ativo público da prefeitura para pagar. Por isso que digo que levantei R$ 18 bilhões para Olimpíada", explicou Paes, lembrando outras PPPs olímpicas como o Porto Maravilha.

O blog questionou se o prefeito não entendia ser enganoso com a população dizer que a maior parte do dinheiro do Parque Olímpico é privado sem contar os ativos públicos cedidos. Ele rechaçou: "Se você acha que estamos enganando a população, que fale. É porque você não compreendeu o modelo."

Isso se repete em outros projetos como o Porto Maravilha. Assim, se a conta olímpica levasse em conta os ativos públicos cedidos à iniciativa privada, seria bem diferente o percentual final. Paes disse que cada um pode adotar o critério que quiser para analisar as contas olímpicas.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.