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Rodrigo Mattos

Por que patrocinadores não rompem contrato se Blatter não sair?

rodrigomattos

02/10/2015 18h53

Puxados pela Coca-Cola, os patrocinadores da Fifa pediram a saída imediata de Joseph Blatter da presidência da entidade por conta dos escândalos de corrupção. A pressão é significativa já que eles pagam boa parte das contas e ameaça a permanência do dirigente. Blatter, no entanto, insiste em fica.

Pergunta: se a intenção dos patrocinadores de moralizar a Fifa é séria, por que não ameaçam romper o contrato com a entidade se não houver mudança real na entidade? Por que não abrem mão da exposição milionária de suas marcas na Copa do Mundo em troca de uma postura mais ética no futebol?

Não é pequeno o negócio das empresas relacionados à Fifa: US$ 1,6 bilhão foi arrecadado pela entidade na última Copa-2014. Em troca, as empresas têm uma exposição sem precedentes em competições da federação internacional a ponto desses contratos serem disputados em concorrências acirradas.

Abrir mão dos acordos contratos seria, sim, uma perda comercial para essas empresas. Mas, se a intenção dos patrocinadores de limpar o futebol é séria, esse seria o caminho a tomar.

Se Blatter não sair, e as empresas continuarem com seus compromissos na Fifa, a impressão é de que seus comunicados pedindo por mudanças são apenas jogadas de marketing. Tipo: "Nós queremos ficar bem na foto, mas não abrimos mão de um centavo para isso". Não é a postura de empresas socialmente responsáveis.

Mais estranho ainda é ver a InBev entre as que pedem a saída de Blatter. A empresa é controladora/sócia da Ambev, a maior produtora de cerveja brasileira, e uma das principais patrocinadoras da CBF.

Ora, a confederação brasileira tem o seu presidente, Marco Polo Del Nero, investigado pela polícia norte-americana assim como Blatter é alvo da procuradoria Suíça. O conceito ético da Ambev é diferente da InBev? Por que a empresa não se manifesta sobre o caso brasileiro?

Patrocinadores são elementos importantes no processo de moralização do futebol nacional e mundial. Desde que estejam pensando em mudanças reais, e não apenas em suas imagens e em seus bolsos.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.