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Rodrigo Mattos

Saiba por que a Champions das Américas e a Sul-Minas atiçam os clubes

rodrigomattos

07/10/2015 06h00

Ao mesmo tempo em que a Liga Sul-Minas se consolida para 2016, uma empresa tenta botar de pé uma Liga de Campeões das Américas (ACL) para 2017. Os projetos das duas competições têm atiçado o interesse dos clubes, e há uma  explicação: o bolso. Há a promessa de ambos os organizadores de aumentar significativamente a renda dos times e da sua exposição em mídias.

A empresa MP & Silva apresentou o projeto da Champions das Américas para os clubes brasileiros. A oferta é de US$ 5 milhões para cada time por participação de no mínimo de dois jogos – seriam 64 equipes. O prêmio pode atingir US$ 30 milhões para o campeão.

Ora, a Libertadores dá apenas US$ 900 mil para as três partidas da fase de grupo. Um título eleva o prêmio a US$ 5,1 milhões. O projeto da MP & Silva ainda promete globalizar as marcas dos clubes brasileiros ao exibi-los para o mundo inteiro usando a sua rede de distribuição de direitos de televisão.

Gráfico da MP & Silva comparando ganhos da Libertadores e do projeto da Liga dos Campeões das Américas

Gráfico da MP & Silva comparando ganhos da Libertadores e do projeto da Liga dos Campeões das Américas

"A Liga dos Campeões das Américas vai permitir que os clubes brasileiros se tornem marcas globais, se aproximando dos níveis de renda, de marca global, de base de fãs e qualidade de jogadores (da Europa)", projetou Riccardo Silva, dono da MP & Silva e criador do projeto da liga.

Ele revende direitos do Brasileiro para certas áreas do mundo como Asia após compra-los da Globo. "A Liga Brasileira é rentável, mas poderia valer muito mais internacionalmente do que no momento", disse ele, ressaltando que as Ligas Inglesa, Alemã e Espanhola despertam muito mais interesse pela qualidade dos jogadores.

Silva disse ter o compromisso dos times brasileiros de jogar a ACL. Segundo apurou o blog, clubes que se reuniram com o empresário, como Flamengo, Corinthians e São Paulo, demostraram de fato interesse no projeto da liga. Mas consideram a conversa ainda preliminar, e entendem que serão necessários outros passos para realizar da competição.

Novo executivo da Liga Sul-Minas, Alexandre Kalil dá o tom: "Temos que ver qual a liga, seu tamanho, seriedade, se vai seguir o ranking da Fifa ou um critério técnico. Se for mais dinheiro do que a Conmebol, por que não?", comentou ele, que ainda não teve acesso ao projeto da Liga das Américas.

Em seu raciocínio, Kalil adota a mesma lógica usada para a Sul-Minas: buscar o melhor negócio. "Já temos proposta de uma rede de televisão. A Globo já mostrou interesse e vamos sentar com ela também. O futebol precisa pagar a conta", contou ele. "Podemos vender TV fechada, pay-per-view, TV Aberta, internet, um para cada um. O que der mais dinheiro."

Kalil ainda não sabe quanto cada clube ganhará com a Sul-Minas, ou Primeira Liga, mas faz projeções otimistas. "Podem ganhar metade de um Brasileiro (em cota), e no futuro pode dar o dobro do Brasileiro. O Paulista fez um bom contrato com Bragantino e Penapolense. Vamos ter o Flamengo, Atlético-MG, Grêmio. Qual é mais atrativo?"

Em comparação com o quadro atual, os times grandes do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro ganham em torno de R$ 7 milhões cada um como cotas pelos Estaduais. É muito menos do que as cota dos times grandes paulistas a partir de 2016 com a renovação do contrato do Estadual. O valor não está fechado, mas certamente ultrapassará R$ 10 milhões e deve se aproximar de R$ 20 milhões.

No final das contas, o interesse dos clubes brasileiros pela Liga dos Campeões das Américas e pela Liga Sul-Minas tem a mesma motivação: buscar aumentar suas receitas e interromper a exploração por órgãos como a Conmebol e as federações. Essas entidades vendem mal seus produtos e ainda retêm boa parte das receitas, no caso da primeira com as propinas pagas a dirigentes, e no caso das outras por meio de taxas.

A MP & Silva ainda estrutura seu projeto da Liga das Américas antes de avançar mais na sua realização. A Liga Sul-Minas já terá nova conversa com a CBF na próxima sexta-feira, segundo acertado entre Kalil e o presidente da confederação Marco Polo Del Nero. Mas a liga só quer um encaixe no calendário porque diz não precisar de aval da entidade para fazer a competição.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.