Pior do que a derrota é ver a seleção perdida nas mãos de Dunga
O Chile é campeão da Copa América, um time bem treinado e de jogadores de qualidade. Perder para essa equipe na estreia das eliminatórias fora não é um desastre. A questão é sofrer uma derrota sem nenhum sinal de que há evolução no Brasil que fracassou no meio do ano.
Basta olhar o jogo quando a câmera de televisão é aberta. A equipe de Jorge Sampaoli joga em uma faixa de 50 ou 60 metros, às vezes menos. O esquadrão de Dunga está todo espalhado pelo campo, os zagueiros só conseguem falar com os atacantes com megafone.
Trata-se de uma estratégia, se é que existe uma tática pensada, completamente oposta ao que se pratica no futebol moderno. Mandam os novos conceitos que a defesa avance com o time quando este ataca, e que os atacantes recuem quando o time se protege. Assim há mais jogadores perto da disputa da bola, como se fossem vários campos menores. Sem isso, o Brasil tem menos jogadores na maioria das áreas do campo.
Os atletas brasileiros devem até ter uma dificuldade de adaptação a essa ideia de futebol de Dunga: a maioria dos times top da Europa não joga assim. Até no Brasil os treinadores mais modernos -vide Tite, Osorio, Rogério Micale (da olímpica), Levir Culpi – já compactaram seus times.
Com este cenário posto, o time brasileiro está condenado a depender de esforços individuais como de Willian e suas correrias no Estádio Nacional. Quando Neymar puder voltar a jogar, será sua essa tarefa.
Enquanto isso, o Chile se aproxima, toca a bola, faz o jogo. Nem foi brilhante o time de Sampaoli. Começou melhor, deixou que a seleção equilibrasse e terminou com um primeiro tempo fraco. Mas uma troca de um zagueiro Silva pelo meia Marc Gonzalez mudou a cara do time e acelerou o jogo, impondo sua superioridade tática e técnica. Foi até natural chegar aos dois gols de vantagem.
Enquanto isso, Dunga trocava centroavante por centroavante e mandava seus volantes, enfim, saírem para o jogo. Não deu certo. Faz um ano que só dá certo para ganhar amistosos meia-boca. Sem rumo, seguimos. É bem possível que o Brasil se classifique para a Copa do Rússia. É bem possível que vá para lá fazer figuração se não mudar essa trilha atual.
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