Como os clubes forçaram a CBF a aceitar a Liga Sul-Minas
Nesta quarta-feira, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, deixou claro aos presidentes de federação que era contra a Liga Sul-Minas. Ainda assim, na sexta-feira, ele deu o aval ao torneio em conversa com o executivo da liga Alexandre Kalil. O que dobrou a CBF?
Desde o início, a confederação era contra a liga por três motivos: afetava os Estaduais das aliadas federações, mexia no calendário já desenhado de 2016 e prejudicava a parceira Globo. Por isso, Del Nero adiava o problema.
Só que, enquanto ele enrolava, os clubes se uniram, estruturaram a liga reunião a reunião para deixar um pacote fechado. Entre os cartolas, a estratégia era de uma revolução branca: iriam se impor à confederação sem que parecesse um confronto. Ignoraram ameaças de federações estaduais como as feitas pela Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro).
Com a liga fundada, os dirigentes aumentaram o tom e disseram que a Sul-Minas sairia de qualquer forma com ou sem o aval da CBF. E marcaram uma reunião com Del Nero que foi político e pediu um prazo para responder. A tática deixou o dirigente em uma sinuca: teria de dizer não a 12 clubes da Série A, e sem ter certeza de que barraria a competição.
Ciente disso, o presidente da CBF avisou aos presidentes de federações no meio de semana que aceitaria a Sul-Minas apesar de contrariado. Afirmou que não tinha jeito porque os clubes queriam de qualquer maneira realizá-la.
Entre as cinco federações envolvidas, duas aceitaram, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que já estava a favor. "Não vou brigar. A CBF que veja as datas", contou Francisco Novelleto, da Gaúcha. No Paraná, ainda há cautela: "Vou esperar o comunicado da CBF. Vamos ver a posição. Acho que deveria ter passado pelas federações", completou Hélio Cury.
A oposição, de fato, vem da Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro). Seu presidente Rubens Lopes disse à Rádio Bradesco Esporte que a chance de a liga sair era "zero". Mas até agora a carta da federação à CBF exigindo medidas sobre a liga não teve nenhuma consequência, ou resposta efetiva de Del Nero.
Pouco antes, na mesma tarde de sexta, a Globo se reunia com o executivo da Liga, Alexandre Kalil, para fazer proposta pela transmissão do torneio – terá concorrência. Era uma das últimas resistências ao torneio que caia. A revolução branca estava completa.
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