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Rodrigo Mattos

Marin não quis nem ouvir acusações na corte em Nova York

rodrigomattos

08/11/2015 06h00

Ao contrário de outros dirigentes acusados no caso Fifa, o ex-presidente da CBF José Maria Marin não quis sequer ouvir as acusações da qual é alvo na sessão na corte de Justiça de Brooklyn, Nova York. Preferiu se declarar inocente. É o que está registrado na ata pública do tribunal norte-americano.

Com isso, seu depoimento representa um contraste em relação às confissões de José Hawilla (presidente da Traffic) e de Chuck Blazer (ex-membro do Comitê Executivo da Fifa). Suas sessões tiveram até 35 páginas de relatório judicial.

No caso de Marin, a duração foi curta: apenas 25 minutos. Quem estava presente ao julgamento relatou que mal começou, a sessão já foi encerrada. Estavam presentes três advogados norte-americanos do ex-dirigente e quatro procuradores do Departamento de Justiça, além de um tradutor.

De pouco serviram já que tratou-se mais das garantias para liberação que seriam dadas pelo ex-cartola da CBF à Justiça – seu apartamento em Nova York e US$ 3 milhões – do que do caso.

Marin abriu mão de ouvir que é acusado de cinco crimes: conspiração, lavagem de dinheiro (em dois esquemas) e fraude eletrônica (em dois esquemas). Todos são resultados de supostos subornos recebidos por contratos da Copa do Brasil e da Copa América. Cada crime pode render penas máximas de 20 anos.

A explicação do silêncio dada por pessoas ligadas ao cartola é de que ele já conhecia as acusações e não tinha nenhuma intenção de colaborar com o Departamento de Justiça dos EUA. Sua alegação é de que, como é inocente, não tem o que confessar.

Sua situação, no entanto, não é fácil. O processo foi classificado como complexo, o que não permite um julgamento rápido. E há provas contra o dirigente como a gravação de uma conversa entre ele e Hawilla em que pede propina por contrato da Copa do Brasil.

Sem colaborar com a Justiça, não terá nenhum relaxamento de sua sentença caso seja condenado, o que ocorrerá com Hawilla e Blazer que confessaram culpa. O caso de Marin está suspenso até o meio de dezembro.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.