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Rodrigo Mattos

Decisão do Brasileiro vira jogo de alto risco e preocupação para CBF

rodrigomattos

09/11/2015 06h00

A CBF livrou-se de um problema fruto da sua falta de habilidade e arrumou outro por conta das circunstâncias. O gol do Atlético-MG impediu que a entidade visse o Corinthians campeão nacional do sofá. Em compensação, tornou a decisão do Brasileiro um confronto de alto risco a ser realizado em um estádio complicado.

Com o tento atleticano, há a forte possibilidade de o jogo entre Corinthians e Vasco, no Rio de Janeiro, no dia 21, tornar-se o momento da confirmação da taça. Basta ao alvinegro paulista uma vitória ou mesmo um empate do Galo diante do São Paulo.

A diretoria do Vasco escolheu São Januário como local da partida já que haverá um show do Pearl Jam no Maracanã poucos dias depois. A CBF confirmou o estádio para o jogo nesta segunda-feira.

Vamos lá. O jogo é entre torcidas rivais que já protagonizaram assassinatos entre si, envolve um possível título, uma disputa contra a Série B e um estádio dos mais complicados do Brasil. A diretoria do Vasco tenta aprovar São Januário para cerca de 20 mil. Isso significaria 2 mil corintianos, provavelmente de organizadas, no local para comemorar a taça.

Lembre-se: a última vez que São Januário recebeu uma decisão do Brasileiro foi em 2000, no jogo entre Vasco e São Caetano. O alambrado cedeu por conta do estádio superlotado permitido pela diretoria da vascaína da época. Houve centenas de feridos e a partida foi interrompida ainda no primeiro tempo.

Adivinha quem era o homem-forte vascaíno naquele época? Eurico Miranda, o mesmo que dirige o clube no momento. Foi ele que quis o jogo diante do Corinthians como a volta a São Januário, e obteve permissões da PM.

Se não fosse uma partida de título, já seria complicado. Os acessos de São Januário são feitos em ruas estreitas. Caso você pergunte a qualquer torcedor que costuma a ir a estádios como visitantes – já fiz isso-, ele te dirá que se trata de um dos locais mais perigosos para acompanhar o time. Com o histórico das duas torcidas, o quadro se torna mais dramático. Clássicos cariocas, por exemplo, são vetados pela PM no estádio.

A CBF tem que analisar seriamente as condições de segurança para saber se confirma o jogo para São Januário. Afinal, a própria confederação já tirou outra partida do estádio neste Brasileiro por entender que não havia condições de segurança com ameaça a jogadores e comissão técnica. Agora, o risco se acentua.

Transferir o jogo para o Engenhão poderia ser uma alternativa bem menos arriscada. Não digo que isso tenha que acontecer, mas, para realizar o jogo em São Januário, seria preciso haver certeza e garantias de todos os órgãos de um sistema de segurança eficiente para isolar as torcidas.

É positivo que o Corinthians tenha a chance de conquistar seu praticamente certo título brasileiro no campo. Mas é preciso muita atenção da confederação e da polícia para não transformar uma festa em tragédia.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.