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Rodrigo Mattos

CBF e a maioria filiadas da Fifa não são transparentes, diz estudo

rodrigomattos

21/11/2015 06h00

Diante dos escândalos da Fifa, a Transparência Internacional organizou um estudo sobre a transparência nas associações nacionais filiadas à federação de futebol. O resultado mostra que a maioria das entidades não divulga quase nada das informações relevantes para o público. A CBF é uma das que ficaram mal no ranking.

A Transparência Internacional é um organismo não-governamental que trabalha por maior acesso a dados públicos para as pessoas. Chegou a fazer parceria com a Fifa para melhorar sua gestão, mas desistiu ao constatar que o presidente Joseph Blatter, hoje suspenso, não queria nenhuma mudança de fato.

A intenção do organismo era saber como as entidades aplicam US$ 1 milhão recebido da Fifa em programas de desenvolvimento do futebol, projeto criado por Blatter para distribuir dinheiro a eleitores. A ideia era entender o nível de transparência de cada associação nacional.

Ao final, foi constatado que 81% das 209 entidades não tornam disponíveis seus balanços financeiros, 21% sequer têm website, e 85% não publicam relatórios de atividades anual. No geral, apenas 14 das associações cumpriram todos os requisitos de transparência. São quatro itens: balanços, relatório de atividades, ter código de ética e apresentar estatutos e estrutura organizacional.

Obviamente, a CBF não está entre as mais transparentes. A entidade só cumpriu dois requisitos: publicar balanços e ter um código de ética. A divulgação das contas é obrigatória pela lei brasileira, e o presidente da confederação, Marco Polo Del Nero, poderia ser deposto se não o fizesse. O código de ética da CBF é recente, mas nunca foi usado para punir ninguém. Nem José Maria Marin.

A confederação nunca divulgou o estatuto em seu site, nem um relatório anual de atividades. Há outras 36 entidades mais transparentes do que a CBF, segundo o estudo.

"O risco de corrupção em associações em volta do mundo é grande. O problema se torna pior pela falta de informações", afirmou Cobus de Swardt, responsável na transparência internacional pelo estudo.

Em resposta ao organismo, a Fifa publicou um comunicado em que afirma estar "comprometida com reformas, e com a instituição das melhores práticas de prestação de contas, transparência e boa governança". E informou que, em encontro do comitê executivo em dezembro, serão discutidas medidas para obrigar as associações a publicar balanços, estatutos e relatórios de atividade.

A Fifa ainda faz críticas à metodologia da Transparência Internacional para o estudo, e diz já publicar várias informações em seu site.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.