'Ficha limpa' da Fifa é ameaça à inclusão de filho de Sarney

Escolhido pela Conmebol para suceder Del Nero, o vice-presidente da CBF Fernando Sarney poderá ter de provar ter a "ficha limpa" para entrar na Fifa. Explica-se: o pacote de reformas da entidade prevê uma checagem de integridade de candidatos eleitos ao Comitê Executivo. O cartola sofre diversas acusações de crimes no Brasil em investigações da Polícia Federal.

Sarney foi indicado para suceder Del Nero pelo comitê executivo da Conmebol em reunião nesta quinta-feira no Rio de Janeiro. O presidente da CBF deixou o cargo porque não ia para o exterior para reuniões da Fifa desde maio quando seu antecessor José Maria Marin foi preso. Ele é suspeito de estar envolvido no esquema de propinas descoberto pelo FBI.

Questionada, a Fifa afirmou que ainda não se pronunciaria especificamente sobre Sarney porque ainda não recebeu a indicação oficial da Conmebol.

Com a indicação da Conmebol, a homologação de Sarney está prevista para o encontro do comitê executivo da Fifa em dezembro. Na mesma reunião, ironicamente, a entidade vai analisar a aprovação das reformas para controle ético.

"O Comitê de Reforma da Fifa propôs em suas recomendações preliminares que todos os candidatos sejam submetidos a checagens de elegibilidade (incluindo testes de integridade) conduzidos pela Fifa", afirmou porta-voz da Fifa ao blog.

A questão é que Sarney pode ser empossado antes da aprovação da ficha limpa da entidade, e aí estaria livre. Mas a Fifa pode decidir aplicar o teste de integridade a todos os novos membros, o que o afetaria.

Em 2009, Sarney foi indiciado pela Polícia Federal, na Operação Faktor, por crimes como formação de quadrilha, gestão irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Segundo a Folha de S. Paulo, ele teve US$ 13 milhões em sua conta na Suíça bloqueado pela Justiça do país quando tentava transferir o dinheiro a Liechsntein. O dinheiro estava em nome de empresas offshores.

Depois, boa parte das investigações foi anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) porque as escutas não seriam legítimas. Isso atrasou a apuração do caso que continua.

Consultada sobre o caso, a assessoria da CBF respondeu que "o vice-presidente Fernando Sarney foi aprovado por unanimidade pelo Comitê Executivo da Conmebol para ser um de seus três representantes na Fifa."