Licenciado, Del Nero usa manobras secretas para reter poder na CBF em dia D
Enquanto a oposição à diretoria da CBF protesta e faz críticas públicas, o presidente licenciado Marco Polo Del Nero tem usado manobras sigilosas como a principal arma para manter o poder na entidade. Foi com uma operação dos bastidores que ele se preparou para enfrentar o dia D em que haverá eleição para vice na confederação e seu depoimento na CPI do Futebol.
O dirigente máximo do futebol brasileiro enfrenta uma crise desde que o Departamento de Justiça dos EUA o incluiu no rol de indiciados por corrupção pela acusação de levar propina por contratos da confederação. Teve que se licenciar e sumiu, mas passou a manejar atrás das cortinas.
Primeiro, no dia seguinte, marcou uma eleição para a vice-presidência que era ocupada por José Maria Marin, escolhendo como candidato o Coronel Nunes que se tornaria o mais velho no lugar de Delfim Peixoto. Naquele momento, ele sabia que Marin tinha escrito carta de renúncia em 27 de novembro, coincidentemente logo depois de iniciada a investigação contra Del Nero na Fifa e de novas delações nos EUA que o complicariam.
O dirigente não tornou pública a renúncia, preferindo guardá-la para o momento apropriado. Quando convocou a eleição, também só mostrou o documento informalmente a federações do Nordeste que questionaram a legalidade. Até agora a CBF não respondeu a documento das oito federações que aponta ilegalidade na assembléia.
Convocada a eleição, Del Nero tratou de mandar aliados, sem alarde, recolherem assinaturas de apoio como sempre fez nas eleições na Federação Paulista de Futebol. Conseguiu o apoio públicos de clubes paulistas. A informação da CBF é de que conta com 12 clubes da Série A e 10 da Série B. Questionada, a entidade não quis dizer os nomes.
A convocação da CBF se deu pelo site da entidade. Havia a necessidade de publicar em um jornal de grande circulação. Foram colocados anúncios na sessão de imóveis de "O Globo" na sexta-feira, sábado e domingo. Oficialmente, a entidade não fala sobre o assunto. Mas seus dirigentes dizem que todo mundo sabe da eleição e portanto não havia necessidade de anúncio grande.
O último passo foi derrubar a liminar obtida pelo vice e oposicionista Delfim Peixoto. Para isso, contou com a máquina jurídica da CBF que raramente perde uma ação na Justiça do Rio de Janeiro. Há a possibilidade de desdobramentos nesta quarta-feira pela manhã.
Em relação à CPI, Del Nero manobrou para receber um convite como testemunha para não ser convocado como investigado. Conseguiu marcar para o mesmo horário da eleição na CBF. A comissão prepara um batalhão de perguntas para ele. Mas, pelas regras, o cartola poderá ficar em silêncio e não responder o que não lhe interessar. Não poderá mentir.
Del Nero pode estar licenciado da CBF, mas continua ativo como nunca nos bastidores da luta pelo poder.
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