Parceiros da CBF têm ligações com negócios particulares de Del Nero
Na investigação da CPI do Futebol, foram descobertas pelo menos duas conexões entre parceiros da CBF e negócios particulares do seu presidente licenciado Marco Polo Del Nero. Nos dois casos, o dirigente recebeu dinheiro de intermediários que se beneficiaram de pagamentos feitos pela confederação.
Em depoimento na comissão parlamentar, o presidente da entidade nega ter praticado qualquer ato de corrupção e diz que todas suas rendas são fruto de trabalho duro.
O primeiro caso é de um empréstimo de R$ 700 mil feito pelo advogado Angelo Verospi, ex-conselheiro do Palmeiras, para Del Nero, registrado no seu imposto de renda de 2013. No ano seguinte, a dívida já não existia mais. Não há nenhum registro de transferência bancária do dirigente para o advogado no período para quitar o mútuo.
No mesmo ano, Verospi vendeu um apartamento nos Jardins para Wagner Abrahão, dono do Grupo Aguia, conjunto de agências de viagens que realiza todas as viagens da CBF. O imóvel que fica na Alameda Tietê 111 foi negociado por R$ 2,3 milhões, mas o pagamento foi feito em diversas transferências durante o ano de 2013. Entre elas, há dez parcelas mensais justamente de R$ 70 mil, que completariam R$ 700 mil.
Abrahão -cujos filhos já negociaram imóvel com Del Nero como mostrou a "Folha de S. Paulo" – continua se beneficiando do dinheiro da CBF assim como ocorria na época de Ricardo Teixeira. Em 2015, sua agência Atena recebeu R$ 4,8 milhões em pagamentos.
A CPI investiga se as duas operações têm relação. Foi pedida a quebra de sigilo bancário e fiscal de Verospi, mas a bancada da bola barra essa requisição.
"Está no meu imposto de renda. É um mútuo que eu fiz com ele (Verospi). Eu precisei de um dinheiro emprestado, R$600 ou R$700 mil, não me lembro exatamente quanto e eu o paguei. Paguei com dinheiro saindo da minha conta-corrente", afirmou Del Nero na CPI.
Mas não há nenhum dinheiro saindo de sua conta identificado para Verospi. O que há são diversas movimentações em cheques e saques, mas não é possível saber se algum representou pagamento de empréstimo. O blog tentou achar Verospi, sem sucesso. Consultado, o advogado de Del Nero, José Roberto Batochio, reafirmou que ele pagou o empréstimo.
Verospi é uma figura conhecida no mundo do futebol. Além de ex-conselheiro do Palmeiras, é vice-presidente do Sindafebol (Sindicato Nacional das Associações de Futebol), presidido por Mustafá Contorsi. E já foi indicado pela CBF para grupo para debater plano de previdência para jogadores. E o blog apurou que há uma ligação também de Verospi com o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira.
Outra figura que liga Del Nero aos parceiros da CBF é Sergio Luis de Souza Gomes, dono da empresa SG Marketing e Comunicação LTDA. Em seu depoimento, Del Nero contou que "ele foi um pessoa que trouxe alguns patrocínios à CBF, um deles foi a Chevrolet." Em seguida, afirmou que ele intermediou o contrato com a GM, firmado em agosto de 2014.
Não é apenas isso. O "Estadão" revelou que a SG Marketing recebeu R$ 40 mil como intermediação pelos contratos de patrocínios da GM para os estaduais. Esse dado consta da CPI.
Pois bem, no final de 2013, Sergio Gomes decidiu mover um processo cível contra Alessandra Martini. O advogado que o representa é Paulo Sergio Feuz. Trata-se de um dos advogados do escritório de Marco Polo Del Nero e também da FPF (Federação Paulista de Futebol). Desta forma, Gomes pode pagar Feuz pelos seus serviços de advogados.
Quando questionado sobre Sergio Gomes, Del Nero não lembrou de dizer que ele era cliente de um dos seus advogados. A CPI deve tentar levantar os dados sobre a movimentação financeira do escritório de Del Nero.
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