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Rodrigo Mattos

Após prisões, Conmebol vive terra arrasada em sorteio da Libertadores

rodrigomattos

22/12/2015 12h30

Indefinição sobre cargos importantes da diretoria, contratos com questionamentos legais e um ex-mandatário preso a poucos quilômetros. A Conmebol vive um clima de terra arrasada em Assunção no dia do sorteio da Libertadores, resultado da prisão de quase todo seu comitê executivo incluindo três ex-presidentes.

A confederação tem no uruguaio Wilmar Valdez seu presidente desde 3 de dezembro após a detenção de Juan Angel Napout. Sua gestão é provisória até 26 de janeiro quando haverá novas eleições – o próprio é candidato. Até lá, tudo é provisório.

Não há um secretário-geral da Conmebol, cartola que costuma gerir, de fato, a entidade. O diretor-geral Gorka Villar ficou enfraquecido com a prisão de Napout, e não deve ficar. Funcionários têm dificuldade de saber até a quem se reportar no momento.

Os contratos das competições mais importantes Libertadores e Copa América estão sob questionamento. No caso da Libertadores, a intenção é manter o novo acordo assinado pelo ex-presidente Napout com a Fox, mas há questionamentos da Traffic que detinha esses direitos.

Em relação à Copa América, o objetivo é romper o acordo com a Datisa, que, no relatório do FBI, é apontada como responsável por pagar propinas aos dirigentes. "Nós entendemos legalmente que devemos romper o contrato da Copa América com a Datisa. Isso está sendo analisado", contou Valdez.

O uruguaio que se tornou poderoso é um capítulo a parte na crise. Atingiu o cargo máximo da América do Sul em 21 meses saindo do pequeno Clube Atlético Rentista, do Uruguai. Era o clube usado pelo empresário Juan Figger em pontes de transferências de jogadores, e que já foi investigado pela Fifa.

Dali, foi para a federação uruguaia em 2014 e atingiu a presidência da Conmebol neste final de ano. Agora, faz um discurso reformista prometendo abrir a entidade após 30 anos.

Como sombra, a alguns quilômetros da sede da Conmebol, está preso o ex-presidente Nicolas Léoz, mandatário na entidade por mais de 20 anos. Ele está em detenção domiciliar em uma mansão com palmeiras no bairro de Mariscal Lopez, com vigília policial. Tem recebido visitas de gente do futebol, segundo relatos de dirigentes da Conmebol.

Pelo menos o atual presidente reconheceu os problemas. "A Conmebol maneja milhões de dólares e é uma multinacionacional. Lamentavelmente, não tem tido uma gestão profissional. Está melhorando, mas tem que ser feito muito mais", disse Valdez.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.